quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Aviso prévio



"Deixa eu te dizer uma coisa: não se apega!". Sempre esqueço de deixar esse recado, em letras garrafais, para que as pessoas não esqueçam de ler, antes de me conhecer. Sempre carrego o fardo de não ter dito isso ou deixado que subentendessem, em muitas das minhas fugas e corridas em círculo. Sou beco sem saída e poço sem fundo. Desses bem escuros, sabe?! E tenho a péssima mania de não transparecer isso da forma como eu gostaria. Aí as pessoas aparecem, eu coloco pra fora toda aquela minha vontade cor-de-rosa de querer me apegar também e acabo caindo na tentação de deixar que me atribuam o papel da boa moça, que se apaixona fácil e se derrete mais que manteiga ou coisa do tipo. Me veja além das máscaras e me conheça além dos dias de carência, para começar a entender o aviso inicial. Não digo isso por não gostar de você, muito pelo contrário. Aviso prévio eu só dou a quem eu não quero que se decepcione. Os outros, meu bem, são só os outros, como diria a letra de alguma música qualquer. Não sei ser tua a ponto de deixar, por um instante, de ser minha. Minha liberdade é bebida que eu só sei degustar sozinha, como aquele vinho que a gente guarda, na adega, como se fosse joia rara. E é. Antes que você chame de egoísmo, conheça meus motivos ou abandone minhas inconstâncias. Leia todas as pistas que eu dou e se perca de mim, antes que você me deixe culpada por ter sido o que eu não sou ou por você entendido algo assim. Contos de fadas não me seduzem, não acho que sexo tem que ter amor e odeio cor de rosa. Tenho uma língua afiada e um jeito de ser livre que contraria toda a projeção que você possa ter de mim. Não sou a menina romântica dos vestidos de babados e dos poemas de amor. Não sou a mulher que pensa em filhos e conjugo todos os meus verbos em primeira pessoa. Eu só me dou bem sozinha. Não sei pensar em "pra sempre" e não procuro metades, desesperadamente, por aí. Se você me conhece, provavelmente, vai entender. Se você não conhece, ainda dá tempo. Você pode gostar de mim. Pode gostar muito, se quiser, mas eu não recomendo. 

(M.C.)

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