domingo, 8 de dezembro de 2013

Sempre!


Deixa eu te dizer que, desde que você chegou na minha vida, meus dias ficaram mais bonitos. De repente, aquela necessidade de buscar, à todo custo, um lugar para ficar cessou. Repousei em você. Meu coração encontrou a paz que os outros relacionamentos não me deram e, pela primeira vez, eu me sinto mais próxima do que deve ser aquilo que a gente sente quando encontrou e se encontrou em alguém. Dizem que os sinos tocam, que a gente vê passarinhos verdes e que o estômago embrulha. Errado! A gente só sente a paz de, finalmente, não querer estar em outro lugar. E meu coração não quer outro refúgio... Eu encontrei abrigo em você.

(Marílya Caroline)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Certezas


Inicialmente, tive vontade de te bater, gritar, espernear ou fazer qualquer coisa do tipo. Depois, te deixei ir embora. Não era pra você. Não era um "nós". Não era nada. Muitas vezes, a gente erra por querer fazer com que o outro sonhe com a gente. A gente erra por achar que alguém pode abrir mão dos próprios interesses para colaborar com os nossos. Você estava numa outra sintonia e eu num momento de repousar nos braços de alguém. Você queria o Mundo e eu queria te encaixar no meu. Éramos e seríamos sempre um esboço mal feito disso que chamam de "vamo ver se cola". Colar, remendar ou insistir nunca deu certo pra gente. Foi isso que eu compreendi, quando a raiva passou. Me aceitei mulher demais pra um menino que ainda precisava brincar de colecionar algumas experiências. Não digo que eu seja melhor que você. Não, não sou. Eu só sou um pouco mais certa do que quero e, depois de você, do que não quero. Sem mágoas, sem drama e sem cena. Mulheres maduras também sofrem, mas o fazem pelo tempo necessário e depois desapegam. O masoquismo do te-amar-a-todo-custo deu lugar à certeza de que certas coisas precisam acontecer, para que a gente aprenda alguma coisa. E, de fato, você precisava ir embora para que eu percebesse que eu deveria ficar... Ficar de pé.

(Marílya Caroline)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Últimas súplicas


Mas não se abandone, meu amor. Deixa eu te dizer que existem coisas que te fariam repensar. Não leve consigo muito do que nos restou. Eu te peço! Não abandone o barco antes que eu te suplique para não desistir de nós dois. Reme e re-ame comigo. Junte suas forças às minhas e me faça entender que nada foi em vão. Me deixa acreditar que isso tudo vai passar. Não se abandone, não me abandone e não se perca. Nem por mim, nem por qualquer outro homem que possa ter te colocado em risco. Não se afunde a ponto de não poder mais respirar e me dizer, sorrindo, que a gente ainda tem salvação. Me deixa poder acreditar que, mesmo que o barco afunde, eu não soltarei a tua mão...

(Marílya Caroline)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Acredite!


E eu te desejo uma fé enorme. Não nessas coisas que falam pra gente acreditar, meio às cegas, mas em você mesmo. Eu desejo que você saiba ver felicidade nas pequenas coisas e saiba construir as maiores. Quero ter certeza que você vai acordar, amanhã, e ter vontade de plantar o bem, mesmo que tenha mais gente pra colher os frutos do que pra te ajudar. Quero ver empenho nos teus sonhos e força nos teus pés. Quero acreditar que você não vai se deixar levar por essa gente que pede farsas e engole mentiras, sem medo de se engasgar. Quero o inteiro que transborda no mundo e saber que, mesmo não estando plenamente feliz, você não vai deixar de tentar. Sabe porquê? Por que você pode!

(Marílya Caroline)

Para Mathaus *-*

terça-feira, 29 de outubro de 2013


Quando falta paciência e tempo para que a gente possa sair por aí, pedindo pros outros serem mais verdadeiros e sinceros uns com os outros, o que a gente pode fazer é dar exemplo... Dar o primeiro passo. Por mais que muitos não sigam e até debochem da tua vontade de fazer diferente, eles não conseguirão tirar o mérito de você ter tido coragem de fazê-lo. Num mundo de gente "igual", pequena e sem caráter, teu gesto não se perde. Quem se perde é quem oferece mentiras, por só ter isso dentro de si para ofertar.

(Marílya Caroline)

Oração


Eu quero que você acredite no amanhã. Quero que, todos os dias, você tenha forças para cumprir as promessas do dia anterior. Eu quero que você cresça, alcance o sucesso, mas nunca esqueça que humildade é a base de tudo. Quero que você agradeça o que tem e lute pelo que quer conseguir. Quero que se sinta feliz pelo que construiu e encontre motivação para prosseguir construindo. Eu quero que você não se deixe levar pelos maus exemplos que presenciou, nem se corrompa pelos golpes que te deram. Quero que você saiba que existe a lei do retorno e da vida pra todas as coisas que você fizer, sejam boas ou ruins. Eu quero que você sirva de exemplo pra alguém e que seus pais se orgulhem de quem tu és. Quero que o dinheiro seja importante pra você, mas não o essencial. Quero que tenha poucos e bons amigos, que confie em poucos e consiga amar verdadeiramente alguns. Quero que você saiba fazer escolhas certas, sobretudo no amor. Não se perca, nem durante o caminho nem de quem tu és. Que você viva sem medo, sem sombras e sem amarras. Quero que você tenha caráter... Coisa que muita gente não sabe o que é. Coisa que muita gente não tem!

(Marílya Caroline)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O dia em que eu mais te amei


O dia em que eu mais te amei foi o dia em que eu te deixei ir embora. Amar é, sobretudo, isso de entender que o outro merece mais do que a gente tem pra oferecer. É não negar a chance de ser feliz a alguém que a gente só faria sofrer. O dia em que eu mais te amei foi quando eu te mostrei que você precisava cruzar a porta e encontrar alguém melhor que eu sei. Mas eu sei... Eu sei que você nunca entendeu.

(Marílya Caroline)

Se permita, meu amor. Se permita!
Ninguém vai lhe devolver as oportunidades que você perdeu. Nem mesmo as pessoas que você mais amou. 

(Marílya Caroline)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Eu, depois de você


Achei que você deveria saber que eu não sou mais a menina que ri de tudo e que acha tudo bonito. Hoje, acordei diferente. Bateu aquela preguiça de me contentar com migalhas e não deu vontade de sair da cama pra buscar coisa alguma que me fizesse lembrar nós dois. O impossível, olha só, aconteceu... E eu me vi mais minha do que sua, coisa que nunca mais tinha acontecido, desde que você cismou de bater os olhos em mim e eu fiz a besteira de repousar os meus em você. Somos afiados, escorregadios e perigosos. Você tem uma semelhança comigo que chega a ser doentia. Gostava disso de ter pernas tremendo e mãos suando. Amava o teu jeito de injetar doses de adrenalina na minha veia, sem que eu sentisse nem ao menos a picada. Você foi bom demais na arte de me fazer feliz por uns meses, até que esqueceu disso. Não. Não espero respostas ou recomeços. Engoli as minhas verdades até que cuspi-las na tua cara fosse inevitável e, meu bem, você cedeu. Cedeu ao convite tentador do clichê que os outros me ofereceram. Bebeu na mesma fonte que os incontáveis caras banais que eu conheci e conhecerei por aí, mesmo que eu não queira. De uma hora pra outra, deixou de ser surpresa pra ser hábito e a receita do que era pra ser imperfeito-na-imperfeição desandou. Eu e você fomos falhos, fracos e não quisemos mais insistir em nada. Desistir sempre foi o nosso maior medo e acabou sendo nossa primeira escolha, como se a gente tivesse mais receio de dar certo do que de dar errado. Você perdeu a única chance que eu [me] dei de ser diferente e eu perdi o cara que, nas minhas melhores fantasias, poderia ter me feito melhor do que eu sou. Achei que você deveria saber que eu já não vivo os nossos planos, não sorrio com tuas piadas e já esboço aquele jeito todo meu de fingir não sentir nada, até que não fosse mais preciso. E não é mais. Essa desistência toda e a falta de jeito com reticências me deixou seca e a ironia voltou a ser minha melhor amiga. Não sou mais tua, nem nossa, mas estou bem. Mais Marílya do que nunca. Desapegada e impermeável.

(Marílya Caroline)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Carapuça tamanho único


Aprendi à força que se expôr, no facebook ou em qualquer outra rede social, é bem mais do que postar fotos ou informar o seu status. Se expôr é deixar sua intimidade nas mãos de quem não te conhece, mas acha que pode te julgar. Não aprendi isso rápido, mas é uma das lições que eu aconselharia todo mundo a aprender e nunca mais esquecer. Tem muita gente sem coração por aí, mesmo que digam que não se pode viver sem um. Pode sim! Tem gente que passa pela sua vida e acha que pode te julgar por tão pouco ou por um recorte pequeno de tempo em que esteve contigo. Tem gente com dedos a mais para apontar e pouca consciência para se aceitar indigno de fazer isso. Quem é melhor do que quem? Quem errou menos? Quem sabe mais? Não sei. O que eu sei é que, enquanto milhares de pessoas ousam falar de mim por saberem meu nome e poucas coisas a meu respeito, as que realmente me conhecem não se importam. Sempre haverá muita gente pra falar, invejar ou denegrir você. Poucos serão os que chegarão para te dar exemplo ou te fazer melhor do que tu és. Não são palavras que me ofendem. O que mais me dói é saber que, enquanto vejo umas escolhas erradas como aprendizado e, mesmo assim, torço para ter ensinado algo a quem passou por mim e pela minha vida, tem gente que ainda se vê na obrigação de me atingir com meia dúzia de palavras ensaiadas. Enquanto da tua boca saem inverdades, do meu coração sai o perdão. O aprendizado, meu bem, só com a vida e um deles é que mandar indiretas ou fazer desabafos é, no mínimo, incapacidade de aceitar a devolução das tuas mentiras. Eu poderia dar qualquer outra resposta, mas ofereço o espelho: as verdades que tu negas ao Mundo não te blindam de ver o que tu és. Esse é o meu consolo.

(Marílya Caroline)

P.S: Eu sei que você lê.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Aviso prévio



"Deixa eu te dizer uma coisa: não se apega!". Sempre esqueço de deixar esse recado, em letras garrafais, para que as pessoas não esqueçam de ler, antes de me conhecer. Sempre carrego o fardo de não ter dito isso ou deixado que subentendessem, em muitas das minhas fugas e corridas em círculo. Sou beco sem saída e poço sem fundo. Desses bem escuros, sabe?! E tenho a péssima mania de não transparecer isso da forma como eu gostaria. Aí as pessoas aparecem, eu coloco pra fora toda aquela minha vontade cor-de-rosa de querer me apegar também e acabo caindo na tentação de deixar que me atribuam o papel da boa moça, que se apaixona fácil e se derrete mais que manteiga ou coisa do tipo. Me veja além das máscaras e me conheça além dos dias de carência, para começar a entender o aviso inicial. Não digo isso por não gostar de você, muito pelo contrário. Aviso prévio eu só dou a quem eu não quero que se decepcione. Os outros, meu bem, são só os outros, como diria a letra de alguma música qualquer. Não sei ser tua a ponto de deixar, por um instante, de ser minha. Minha liberdade é bebida que eu só sei degustar sozinha, como aquele vinho que a gente guarda, na adega, como se fosse joia rara. E é. Antes que você chame de egoísmo, conheça meus motivos ou abandone minhas inconstâncias. Leia todas as pistas que eu dou e se perca de mim, antes que você me deixe culpada por ter sido o que eu não sou ou por você entendido algo assim. Contos de fadas não me seduzem, não acho que sexo tem que ter amor e odeio cor de rosa. Tenho uma língua afiada e um jeito de ser livre que contraria toda a projeção que você possa ter de mim. Não sou a menina romântica dos vestidos de babados e dos poemas de amor. Não sou a mulher que pensa em filhos e conjugo todos os meus verbos em primeira pessoa. Eu só me dou bem sozinha. Não sei pensar em "pra sempre" e não procuro metades, desesperadamente, por aí. Se você me conhece, provavelmente, vai entender. Se você não conhece, ainda dá tempo. Você pode gostar de mim. Pode gostar muito, se quiser, mas eu não recomendo. 

(M.C.)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

De dentro pra fora


Sempre ouvi pessoas dizendo que eu deveria mudar. De alguma forma, até concordo com algumas delas. Mudar é um processo evolutivo e eu sempre estive em busca de mudanças. O que eu não concordo é que a gente deva mudar pra se adequar a alguém. Não, isso não! Mudança tem que partir de dentro e repercutir lá fora e não o sentido inverso. Estou acostumada com frases do tipo: "se permita mais", "acredite!" e "se dê uma chance", como se me permitir ouvir e refletir sobre isso tudo não fosse, de certa forma, uma permissão. Nunca acompanhei as meninas da minha idade. Sempre fui o tipo de garota que merecia ouvir a frase clichê de "você não é como as outras". Não que eu ache isso lá muita coisa, mas concordo por uma série de peculiaridades que, querendo ou não, eu tive que aceitar. Tive a fase de ver romance em tudo, a fase de só querer usar preto e aquele período em que a gente acha que nasceu pra esperar alguém. Felizmente, todos esses momentos passaram e deram lugar a quem sou hoje: aqui, deveria constar uma definição, mas nunca fui boa com isso. Melhor esquecer. O fato é que, dia após dia, fui desencanando dessa ideia de que ser feliz é estar com alguém. Aos poucos, a gente vai aprendendo a apreciar a própria companhia e dizem os sábios que esse é o primeiro e indispensável passo para que a gente aprenda a ser feliz com alguém. Sim! Falo de aprender porque a gente não nasce sabendo conviver conosco, muito menos com os outros. Se já é difícil nos aceitar naqueles dias em que tudo parece dar errado, porque atribuir a alguém a tarefa de nos acolher, em nossos dias nublados e cinzas? Não é fácil, mas é prazeroso. Aprender a conviver com o outro é a prova de que você executou com êxito a missão de se aceitar e se valorizar, antes de tudo. Essa é uma das coisas que as pessoas chatas e repetitivas deveriam sugerir: AME-SE! Talvez eu ainda me reconheça meio fechada pro mundo. Talvez, eu até não saiba desempenhar a missão de conviver em plenitude com o outro, por estar no meio da missão de fazer isso comigo mesma. Amar é exercício de dentro pra fora e eu ouso acreditar que a maioria das pessoas "fechadas" estão concentradas nessa tarefa de se conhecer, antes de aceitar os questionamentos do mundo. A minha resposta é a metáfora do borboleta: não é que eu tenha medo de voar. O tempo de que eu passo dentro do casulo é para que eu possa preparar melhor as minhas asas.


(Marílya Caroline)

Espaço Externo


“Está na hora de você encontrar alguém!”. Essa frase poderia ser facilmente endereçada a mim, em algum almoço de família qualquer. Ou até mesmo vinda de alguma amiga preocupada demais com a minha “eterna solteirice”. Dessa vez, no entanto, ouvi a frase no metrô, entre uma conversa de duas amigas que não deveriam ter mais do que 14 anos. Eu ri, porque se estava na hora daquela menina de 14 anos encontrar alguém, eu nem consigo imaginar o que sua amiga diria para mim, uma garota de 21 que não tem um namorado.
Depois, enquanto eu caminhava para o meu trabalho, comecei a pensar quantas mil vezes já ouvi alguém dizendo que eu deveria encontrar alguém. Provavelmente, ouvi essa ladainha aos 14, ou até antes. Mais tarde, então, a frase deve ter sido repetida pelo menos um milhão de vezes. Já fiz o tipo que ligava, já fiz o estilo que não estava nem aí. Dependendo do meu momento, doía ou só me fazia rir. Mas uma coisa é verdade: a gente sofre uma pressão desesperadora para namorar.
Eu já encontrei alguém. Eu já achei que era o cara certo, já achei que era o cara errado e decidi apostar mesmo assim, já achei que era amor e não era – nem da minha parte. Eu esbarrei com grandes amigos, grandes amores platônicos e casinhos que foram sendo escritos na minha história, que depois descobri que nem tinham tanta importância. Eu encontrei “alguéns”. O menino que era meu melhor amigo e foi embora; aquele que se apaixonou por mim, mas que eu não me apaixonei de volta; o cara que apareceu e me fez sentir coisas que eu não deveria sentir por ele. E aí, depois de todos esses alguéns, eu descobri que eu simplesmente estava procurando o alguém errado.
Não que eu queira dizer que todo mundo deva adotar a solteirice como modelo perfeito de vida. Quero dizer totalmente o contrário: modelos perfeitos de vida não existem. Não é só porque você namora e é feliz com isso que sua amiga solteira só será feliz namorando também. Namorar é legal, é ok e pode fazer crescermos muito. Aprender a lidar com o outro é uma das coisas mais bacanas da vida. Mas ficar sozinho, se olhar no espelho sem se desesperar e aprender a lidar com si mesmo, para mim pelo menos, é o verdadeiro sinal de que a maturidade está chegando.
Se eu pudesse voltar naquele vagão do metrô, talvez eu dissesse para aquelas meninas que elas realmente deveriam lutar para encontrar alguém. Deveriam tentar descobrir do que esse alguém gosta, o que esse alguém quer fazer, aonde esse alguém quer chegar. Eu diria para elas, talvez, que quando elas se conhecessem de verdade, as coisas seriam bem mais fáceis e leves. Talvez, se eu voltasse no tempo, eu dissesse simplesmente: “É, está na hora de encontrar alguém…e esse alguém é você mesmo.” Porque quando a gente se encontra, os alguéns que esbarram no nosso caminho se tornam uns baitas de uns sortudos. E a gente tem uma sorte enorme também."

(Fonte: Depois dos quinze)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Memórias


Eu devo ter lido em algum canto que a gente nasceu para dar certo. Ah, tudo bem, talvez eu não tenha lido, mas quis acreditar assim mesmo. De fato, o destino e a vida deveriam colaborar mais pra isso. O certo seria fazer nossos planos a dois e viver nossos dias para fazer o outro feliz, se conseguíssemos fazer isso por nós, primeiro. No fundo, sempre acreditei e torci pra isso. Fiz planos e poesias bonitas, pensando em você, como se eu quisesse que o nosso "nós" fosse, por algum momento, parecido com aquilo. Eu e você éramos infalíveis e imbatíveis. Melhores que os casais de novela e mais fortes que os mocinhos-que-sempre-são-felizes-no-final. Tinha muito da magia que eu insistia em ver e um bocado de realidade bonita. Você me fazia melhor e mulher. Não é que eu te procure em todos os outros, já que nem eu mesma sei o que é, de fato, que eu busco. A única coisa que eu sigo buscando é alguém que me faça querer acreditar, mais uma vez, que essa coisa de pensar junto pode ser bom. Alguém que me faça não ter medo dos planos e da rotina, como se eu não tivesse certeza de que não abrir mão da minha é melhor e menos desgastante. Você, seja lá quem for, me deixou algumas certezas. Umas bonitas e outras nem tanto. A única interrogação que ainda ficou é sobre a que eu já disse, aqui. Li, em algum lugar, que a gente deveria dar certo. Não sei onde foi, mas você deve ter perdido o livro. O livro e o interesse de falar a mesma língua que eu e entender os mesmos códigos. O papel, o livro ou seja lá o que for se perdeu. Você me perdeu. E eu ainda busco me encontrar.

(Marílya Caroline)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Nosso "para sempre"


Fechei os olhos e vi um futuro bonito pra nós dois. Vi todas as coisas que nós poderíamos ter sido e não fomos. De repente, vi nossos filhos crescidos e nossos netos chegando. Vi que ainda éramos felizes, apenas do tempo ter levado a nossa juventude. Restou um amor que eu comecei a nutrir quando te vi. Vi o mesmo encanto que tomou conta dos meus olhos quando você, meio sem jeito, me olhou como quem diz: vem comigo! E eu fui. Fui, sem medo de olhar pra trás e me dar conta que ainda havia medo. Fiz as malas e parti contigo, sem perguntar pra onde, nem até quando. Eu sabia que seria bonito e sem prazo de validade. Dividiríamos as contas, o aperto e todas essas coisas que os casais comuns fazem. Abraçaríamos um ao outro, sempre que as palavras não estivessem ensaiadas ou quando o frio quisesse castigar, sem dó da nossa falta de agasalho. Eu te diria que tudo iria ficar bem e você acreditaria ou fingiria que eu consegui te tranquilizar. Ai você me beijaria e, mais uma vez, eu esqueceria da panela, no fogão e de todos os medos que eu já mencionei aqui. Eu e você éramos perfeitos, na nossa imperfeição. Imaginei a nossa casa amarela e não sei bem o porquê da cor, mas era. Vi nossos cabelos brancos e um monte de fotos indicando que nós fomos e ainda seríamos muito felizes. Eu vi você dizer que me ama, como se não lembrasse que havia dito isso, há cinco minutos. Não era falha de memória. Você sempre foi bom em me fazer lembrar o que eu nunca esqueceria. Você sempre foi o melhor em me fazer mulher, mãe, vó e amiga. Eu e você éramos, de fato, como os casais dos comerciais, só que com mais realismo e muito mais amor. Eu e você éramos os dias nublados e os mais ensolarados. Se o tempo não tivesse passado e eu não tivesse acordado, ficaria imaginando, até perder a hora, como nós poderíamos ter sido mais felizes se não fôssemos tão apressados. Se não fôssemos tão inseguros e imaturos nisso de gostar de alguém, cobrando mais do que ofertando e boicotando toda e qualquer chance de sermos felizes. Eu e você ainda faríamos muitos planos, mesmo que poucos se concretizassem. Pensaríamos em abrir um negócio juntos, em adotar um filho ou comprar um cachorro. Você iria me chamar umas mil vezes de linda e eu iria ficar vermelha, em todas elas. Eu iria sorrir e dizer que te amo em cada olhar direcionado ao teu rosto de menino. Eu iria, todos os dias, fazer uma prece para que tudo desse certo e pedir para que você colaborasse com isso. Eu ainda iria te pedir pra ficar, umas mil vezes, pelo menos, antes de você querer ir embora e você consideraria meu medo de te perder, certo da falta que eu também te faria. Você iria voltar do trabalho cansado e eu te faria massagem. Você iria ficar triste e eu arrancaria aquele teu sorriso empoeirado. Eu ia esquecer de ser feliz e você iria me lembrar como já fomos e seremos. Seríamos imbatíveis. Seríamos, acima de tudo, reais, apaixonados e felizes.

(Marílya Caroline)

[Fictício, ok?!]

sábado, 7 de setembro de 2013

O bem que você me faz


Eu queria ter um milhão de oportunidades pra te dizer, em todas elas, que o mundo parece ter ficado mais bonito, desde que você chegou. Se não o dos outros, ao menos o meu. Tô encantada com teu jeito manso de resgatar tudo aquilo que nem eu mesma sabia que havia perdido. É bom poder redescobrir as coisas que, durante um bom tempo, pareceram sem sentido. Sempre me disseram que, quando a gente encontra a pessoa certa, os sinos batem, as luzes piscam e o coração acelera. Com todos os outros, até posso ter sentido tudo isso, mas você é diferente justamente pela certeza de que, em meio a esse mundo louco, só você me trouxe paz. É só você que me ensinou que eu posso ter e ser muito mais.

(Marílya Caroline)

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Seja exemplo!


Tomara que nós possamos ser sinceros, uns com os outros. Que saibamos dar aquilo que gostaríamos de receber e que a honestidade, com nossos princípios e sentimentos, possa ser mais forte do que essa mania, quase contagiosa, que temos de não pensar no outro. Que eu ofereça a minha verdade, mesmo sabendo que, nesse mundo louco, vale mais quem é de mentira.

(Marílya Caroline)

Você


Encontrar você é ter certeza de que, uma hora ou outra, a gente agarra a chance de ser feliz. E merece! Você me parece um anúncio de Deus para que eu acredite que as coisas podem dar certo, mesmo que mil ventos contrários me façam ter medo de apostar em alguma coisa. Acredito que você também tem. Meio sem jeito, definir você me parece um convite a entender que você é a prova de que o que tem de ser tem muita força. Você é a ação do tempo, generoso e eficiente, pra me mostrar que pode ter chegado a hora. É hora de dizer sim pra todas as nossas verdades e pra tudo isso que, há muito tempo, guardei comigo. Você deve saber que existem mil outras mulheres. Você deve ter encontrado mil defeitos em mim. Você deve ter dúvidas, bagagens e lembranças. Você deve saber que o mundo tem mil outras ofertas. Mas você também deve saber que não há nada melhor do que saber que existe um alguém que gosta de você como você é. Existe alguém que não precisa de palavras ensaiadas, gestos automáticos ou de um personagem qualquer. Você deve saber que, entre tantas, existe alguém que se preocupa com você. Que, pela manhã, deseja que o teu dia seja bom. Existe alguém que chega pra dar sentido a tudo aquilo que, até pouco tempo, passava despercebido. Existe alguém pra fazer valer as coisas simples. Existe alguém pra dividir problemas e sorrisos. Existe alguém pra te abraçar, sem dizer nada. Existe alguém em quem você pode confiar, sem medo. Existe alguém pra te fazer ver beleza nas coisas simples e refúgio nos dias difíceis. Existe alguém pra ser ombro amigo e cólo acolhedor. `Pra ser tua amiga e tua mulher. Existe alguém pra te fazer entender porque ficar com todas as outras pode ser em vão. Existe alguém pra gostar de você. E eu espero que você saiba reconhecer. E eu espero que esse alguém seja você.

(Marílya Caroline)

segunda-feira, 26 de agosto de 2013


As aulas voltaram com tudo e, com elas, as obrigações. Dedicação total à Psicologia e, consequentemente, uma pausa por aqui. Até breve, meninas! Prometo não desaparecer...

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Quando tudo acaba


Nunca vou saber responder onde a gente deixou de funcionar. Aliás, nunca vou querer saber disso. Guardei as coisas boas de nós dois e ponto. Acho que ficamos estacionados em algum ponto da "relação" em que não deu mais pra levar com a barriga. Nos perdemos ou simplesmente esquecemos de nos fazer presentes nisso de deixar pra amanhã o que tinha urgência de ser feito hoje. Nunca fui de cobrar presença, encenar crises de ciúme ou coisa do tipo. Talvez também não seja o tipo de mulher que você procura por você nem saber o que é exatamente isso, mas tudo bem. Deixei de achar que responder nossas interrogações é mais importante do que buscar minhas certezas e, meu bem, você nunca foi uma. Isso de amor transitório e inconsistente quebra as minhas pernas. Eu tava apostando diferente, me permitindo mais, mas me boicotando toda vez que eu tentava descobrir o nosso prazo de validade. Confesso que pensei que fosse durar mais. Aliás, quis e fiz de tudo para que durasse mais, mas a vida tem mesmo dessas coisas. A nossa é cheia de desencontros e você acaba de proporcionar mais um. Não vou refazer caminhos, inventar desculpas ou te pedir pra ficar. Não vou fazer do hábito um motivo pra prolongar tua estadia na minha vida, se já não parece conveniente pra você. Eu só vou te dizer que foi bom. Foi bom porque, além de mais mulher, eu tô mais vivida. Tô mais certa de que posso me perder de tudo, menos de mim e, ficar por ficar, acaba me afastando disso. Eu não me reconheceria se continuasse permitindo você fazer parte da minha rotina por ter medo de não conseguir mais viver sem isso. Seria como se eu admitisse que conhecer você foi dar mil passos pra trás e eu não quero que seja assim. Quero falar de você e não guardar mágoas. Daqui a um tempo, quando essa confusão passar, poder te olhar nos olhos e perguntar se você está bem, sem me importar em saber o motivo da resposta, caso você diga que vai tudo muito bem, obrigada. Eu quero me livrar das nossas manias e te aceitar como tu és, mesmo que isso seja encarar, pela primeira vez, a certeza de que a resposta é tudo, menos "meu". Minha e cada vez mais minha sou eu! Passe a limpo a história de nós dois, arranje um outro alguém pra ouvir tuas histórias e ocupar teu tempo. Refaça os planos que nós rascunhamos com um outro alguém, mas nunca esqueça de se cuidar. Nunca esqueça de fazer por você o que eu aprendi a fazer por mim, depois me esqueça. Decore outro número e outro perfume. Arranje outro hábito e conheça outro corpo. Farei o mesmo. Repetirei o mantra que eu aprendi e me esvaziarei de você até que isso não seja mais do que uma lembrança boa. Uma certeza bonita de que eu não posso dizer que não deu certo. Deu certo enquanto tinha que dar, mas o que não tem começo, olha só... Acabou.

(Marílya Caroline)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Tudo que eu fiz, faço, farei, mas nunca deveria ter feito por você


Eu vou repetir a ladainha de que a gente não dá certo e ensaiar umas mil tentativas de mostrar pra mim mesma que não adianta. Vou xingar teu jeito relapso, reclamar das tuas faltas e te culpar por tanta falta de atenção, como se eu não soubesse que isso não vai adiantar nada. Vou odiar essa tua moleza e a insistência em não ver o óbvio. Vou te pedir, silenciosamente, pra você não me perder por completo e ver você fingir que não entendeu. Vou perder meu tempo contigo, como se o mundo não fosse mais do que nós dois e ponto. Vou repetir a nossa história torta pra todos os meus amigos e ver meus olhos brilhando em vão. Vou te ver melhor do que tu és e me aceitar mais tola do que já sou. Vou refazer o caminho de sempre e te dizer, com indiretas, que tem outro alguém a fim de mim, só pra te ver não fazer nada. Vou te cobrar o impossível e mendigar carinho até o último vestígio de vergonha na cara desaparecer. Vou esticar a nossa corda e prolongar o que não tem futuro. Vou inventar frases com "nós" e te ver insistir no teu "eu" egoísta. Vou parar de sair com as amigas e procurar você em todo mundo que eu conhecer. Vou ser ingênua, insistente e até mesmo cega, pra não te perder pra mim mesma. Vou fazer de conta que isso me basta e fingir uma felicidade que eu não sinto. Vou te dividir com o Mundo e me entregar, transbordando, pra você. Vou te pedir pra ficar e te ver indo embora, a cada gole de bebida e em cada fds de saídas. Vou te ver com outras e me permitir pensar que são apenas amigas. Vou estar do teu lado não contar com você, quando eu precisar. Vou te chamar de "meu" sem que você seja. Vou te fazer juras de amor através de gestos e não ter respostas. Vou entrar em becos sem saída e embarcar numa canoa furada. Vou te dar meu coração e me contentar só com teu corpo. Vou te apresentar pra família e acreditar que você é mais homem do que é. Vou mentir pra mim e enganar o mundo. Vou andar de mãos dadas contigo e te ver querendo escapar. Vou correr atrás de você, pedindo pra você ficar. Vou te ouvir dizer "Desculpa, o problema não é contigo. Mas não dá"... E, ainda assim, vou querer me enganar.

(Marílya Caroline)

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Esvaziar-se


O ruim de tudo isso é a gente não saber como se esvaziar por não saber como fazer isso sem estar plenamente cheia. Se esvaziar de um nós que não existe ou de você, que não comparece? Isso de ter poucas coisas pra contar e tantas outras pra remoer acaba com a gente, aos poucos. Vai moldando músicas à nossa história e fazendo com que eu busque, a cada esquina, algo ou alguém parecido com você. É complicado não ter rumo, mesmo que isso nunca tenha importado pra mim. Com você eu acho até divertido ir à padaria, fazer planos à dois e todas essas coisas que sempre me pareceram tolas ou banais. Parei de julgar os abraços em público e quem chora em comédia romântica no dia em que eu me vi fazendo isso sem culpa e, aparentemente, sem motivo. Você é o cara que deveria ter vindo pra simplificar toda essa vida de busca idiota, mas só veio me mostrar que eu sou mesmo assim: difícil de escolher e você difícil de ser escolhido. Pra falar a verdade, não é mais questão de escolha. Você é a minha sentença. Agora me diz como se esvazia disso.

(Marílya Caroline)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ele é só mais um cara banal


Ele não é nada além de um tipo qualquer, desses que tem manias esquisitas e medos não curados. Não é o último homem do planeta, nem o mais interessante deles. Ele é apenas aquele carinha disponível, cujo número de celular é o primeiro que a gente pensa quando acha que precisa ouvir a voz de alguém. Ele é o automático que a sua mente insiste em achar que é necessidade. É desses que mentem bem e sabem disfarçar as puladas de cerca. É desses que coloca uma desculpa onde você merecia uma presença. É o dono das palavras ensaiadas, dos gestos previsíveis e das desculpas esfarrapadas. É o tipo "nude" da cartela de cores que o Mundo pode te ofertar. Ele não é o único que pode te fazer feliz, nem tem sido tão empenhado na tarefa de fazer, enquanto estiver contigo. É o dono das mãos escorregadias e do olhar fugitivo. É quem diz que gosta de você e faz pouco para você acreditar que realmente gosta. É aquele que não cuida para que você não vá embora, mas vive dizendo que tem medo de te perder. É o cara que não faria falta se você tivesse outro passatempo, mas o primeiro que você pensa quando não tem nada pra fazer. É o motivo da tuas dúvidas e quem rega as tuas incertezas. É o típico cara acomodado, que se satisfaz com pouco e acha que você também se deixa preencher com o que ele tem pra dar. É o primeiro nome do chat do facebook e o dono do teu "boa noite" e do primeiro "bom dia". É em quem você pensa quando acha que fez errado por se permitir olhar além da cerca em que você mesmo se prendeu. Ele nunca esteve dentro da sua! É ele quem não pergunta se você está bem, quando você espera isso de alguém. É quem não entende sua TPM e não te dá um abraço oportuno. É um cara como outro qualquer, que você elegeu, sem ao menos saber porquê, para fazer parecer que os outros não tem graça. Ele é o dono da venda que você ajudou a colocar em seus olhos. É o desatento que finge uma presença que não te basta. É quem oferta pouco e não merece teus excessos, nem tua devoção. É o tipo de cara que, certamente, não pensa em você com a mesma força e frequência que você o vê em todo tipo de diversão que te convide a sair do casulo. Ele não é o mais especial, nem te faz se sentir assim. É apenas o tapa-buraco da tua carência e o lugar mais cômodo para você depositar tuas fraquezas, bem ao lado da insegurança. É o maquiador das tuas necessidades e para quem você sempre volta, sem ter completado o ciclo. É o dono das tuas primeiras experiências e aquele que você acha, inutilmente, ser o único que irá te satisfazer plenamente. Ele é só um cara como outro qualquer, que tem amigos vazios e uma personalidade influenciável. É do tipo que não assume nada sem pensar, mil vezes, no que passou. É do tipo que pede a opinião dos amigos pra tudo, mas parece não se lixar pra sua. É do tipo que vive preso ao passado, não sabe dar intensidade ao presente e raramente aposta no futuro. É quem ainda não percebeu que pode ser e dar mais do que tem dado. Ele não é o único, nem o detentor de mais qualidades. Não é o tipo de cara que te convence de ser o melhor pra você, mas aquele que você acha que pode fazer um bem que você se nega a receber dos outros. Ele é o cara que, talvez, nunca tenha parado pra pensar na importância que você tem pra ele, mas quem, certamente, sabe da que tem pra você. É o menino que aprendeu a jogar vídeo-game, mas não aprendeu a ganhar na vida. É do tipo que procura uma mãe em toda mulher que conhece. É cheio de vícios e antes fossem cigarro e bebida. É condicionado à modinha dos envolvimentos rasos e das poucas certezas. É quem, talvez, não seja melhor pra você por não ter aprendido a fazer isso por ele. É um cara cheio de medos, disfarçados pela aparência. É quem se esconde atrás de mulher que tem os mesmos medos que ele, mas que ele sabe que não preenche... Também não faz feliz. Ele não é o primeiro homem que você conhece e, se você não se deixar cegar, também não será o último. Ele não é mais foda, nem o melhor, em comparação aos outros. Também não é merecedor de todas essas dúvidas que você mesmo plantou e rega.  Ele não sabe te fazer completa. É apenas uma vírgula, que você  insiste em ver como ponto final. Eu sinto te dizer, mas ele é apenas um cara banal.

(Marílya Caroline)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Metáfora de nós dois


Naquele dia, me convidaram para ir à um lugar que eu sempre tive vontade de conhecer e eu fui. Inicialmente, pensei se não seria melhor recusar. Dizer não é mais fácil do que arrumar malas e repetir o ritual de conferir mil vezes se fechei mesmo as portas e apaguei todas as luzes. Resolvi aceitar num daqueles meus impulsos loucos (aqueles que sempre me rendem algum arrependimento posterior), pautados na esperança de me ver livre do tédio, ao mesmo tempo que eu reconhecia já ter me moldado a ele. Aceitei sair pelo mundo, mas pensei milhares de vezes em voltar. Ver o meu cantinho se distanciar, à medida que eu avançava em direção ao novo me dava uma sensação de que eu não saberia voltar e eu nunca me preocupei com isso. O comodismo arruma sempre um jeito de nos fazer impotentes e, mesmo sabendo disso, eu ainda pensei em pedir pro taxista voltar. Pouco a pouco, fui esquecendo e deixando a neura pra lá. Chegar naquele quarto imenso, me deparar com toda aquela mordomia e a paisagem do lugar me roubou, por alguns dias, a saudade do meu pequeno lar. Enchi os olhos, distrai a mente e ocupei os ouvidos. Tentei arrumar as almofadas, alinhar os quadros e perfumar o ambiente. À noite, parecia mais frio do que meu quarto. Durante o dia, a claridade me impedia de repousar. Estranho perceber que eu sempre tive uma vida itinerante e o sonho de desbravar o Mundo mas, ultimamente pensava, a todo instante, em quando iria voltar. Usei essa analogia pra falar da gente. De alguma forma, não atribuir nomes ou personagens pra estas linhas tornou mais fácil falar da gente e te dizer que, em todas as vezes que eu fugi, foi pensando em voltar. Foi sabendo que você estaria lá. Posso procurar abrigo e calor em outros braços, mas é como ter que dar cor e forma a um lugar que não tem a nossa cara. Mais fácil é seguir a velha estrada e voltar pra casa. Melhor é não ter trabalho de arrumar ou bagunçar algo do zero, se você sabe que tem um lugar pra voltar e ver tudo como você deixou. Na verdade, não é melhor, nem mais vantajoso. É só mais fácil. A gente chama de zona de conforto o lugar onde a gente molda nossa covardia, nosso medo e toda a insegurança que couber nesse espaço que a gente cria pra se refugiar de nós mesmos. A gente chama de hábito o lugar onde a gente afoga todas as possibilidades de conhecer o novo. De certa forma, se privar do Mundo ou sair pensando em voltar pra casa é se afogar num reservatório em que você tem a zona de conforto e o comodismo sufocando a vontade/necessidade do novo. Não é que não gostemos de novidade, é que tomamos a forma do velho e acreditamos que tudo está bem como está. É baseado nisso o meu medo de ir embora. É medo de voltar e não encontrar a casa fechada, os móveis alinhados e a bagunça "organizada". Não é que eu tema não mais te encontrar. Eu tenho medo (e preguiça) de recomeçar. Por isso eu bato a porta, refaço as malas e volto, sempre pro mesmo lugar.

(Marílya Caroline)

quarta-feira, 24 de julho de 2013


O outro não tem a obrigação de ser a metade que lhe completa. Deixe que ele seja o inteiro que te acrescenta.

(Marílya Caroline)

Espaço externo: Balada: diversão ou duelo de egos?


Mais que uma pergunta, um dilema. Após várias saídas desastrosas, você, mais uma vez, se predispõe a sair e tentar conhecer alguém, porém você não faz o tipo de pessoa que acha que o termo quantitativo supre o qualitativo.

Primeiramente, você chega à balada e observa que metade das mulheres estão com um vestido que parece uma toalha enrolada ao corpo, já a outra metade está com uma regata branca, um casaquinho de couro, saia alta, uma bolsa transversal e o insistente 212, mas até aí tudo bem, pois o uniforme faz parte.

Não muito distante disso, você vê alguns homens com uma camisa polo com “número 43” nas costas, barriga saliente e com as mulheres mais bonitas da festa. Alguns gastando dinheiro que não tem, outros gastando por gastar e outros como eu, agora, pensando em como funciona tudo isso…

Nesse instante, por algum motivo, você se sente diferente daquelas pessoas.

Culturalmente instruídos a sempre segurar um copo na mão, seguimos o nosso caminho em busca de algo que, no fundo, não sabemos se realmente faz sentido.

Alguns caras querendo se divertir e outros numa disputa inútil para ver quem é o mais frouxo. Frouxo simplesmente por não conseguir pegar uma mulher só com o papo, por não saber jogar esse jogo de homem pra homem, mas novamente até aí tudo bem, pois cada um usa as armas que tem.

Em meio a tudo isso, me pergunto: onde está a conquista? Cadê o charme, o ato de arrancar um sorriso sincero, de você ficar com a mulher por ter falado a coisa certa na hora certa, sem sensacionalismo? Só acho que as coisas estão perdendo um pouco da graça.

Então, depois de consecutivas experiências dessas, você acaba vendo que o mundo de balada é muito limitado e o mais importante: que o que você tanto procura não está e nem estará ali. De forma alguma estou dizendo que não gosto de balada ou que balada é algo de pessoas “vazias”, mas infelizmente, na maioria das vezes, é isso que eu vejo: mulheres que só querem levantar seu ego e homens que acham que baixar um litro de bebida lhe faz ser o macho “alpha “da festa.

Cada vez mais, as pessoas têm a necessidade de mostrar ser uma coisa que não são e, principalmente, terem seu ego exaltado, agora só falta elas perceberem que isso não leva a lugar nenhum.

Chegamos num ponto chave da sociedade, onde máscaras valem mais do que expressões, garrafas de bebida em cima da mesa valem mais do que apertos de mão e companhias falsas valem mais do que uma conversa sincera com a menina menos atraente da festa.

Por fim, entenda que você pode ser uma pessoa super charmosa, educada, inteligente ou qualquer outro adjetivo, mas, se a outra pessoa não for equivalente, ela não irá perceber o quão valiosa você é.
 


(Frederico Elboni)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Se cuida (e se ama), menino.


Eu deveria cuidar de você, mas resolvi fazer isso por mim, primeiro. Você não saberia lidar com minhas inconstâncias e meus medos de que o nosso "nós" seja uma repetição do que um dia eu vivi, com outro alguém. Era pra gente ser feliz por completo, sem precisar, a todo tempo, ficar se comparando com alguma coisa ou alguém que tenha passado por nossas vidas, num passado distante e sempre recorrente. Era pra você não ter esse medo tolo de que eu jogue teu orgulho no lixo e pise em você, com o salto mais fino que eu tiver. Eu não sou dessas, meu bem. Era pra eu não achar que, a cada minuto que você passa longe de mim, alguma ferida está se abrindo sobre meu peito. Também era pra eu não comparar os outros caras que conheço a você e procurar, em todos eles, teu cheiro e teu jeito. Tanta coisa era pra ter sido diferente que eu até acho que foi bom, sabia?! Para que possa dar certo, e eu quero que dê, nós precisamos nos curar dessa mania de achar que tudo que possa vir é um rascunho do que já passou. Nenhum de nós é criança, nem tão imaturos a ponto de achar que o presente deve compensar o passado ou vingar alguma coisa que tenhamos sofrido. O novo é justamente essa chance de recomeçar e eu espero que você se permita, por inteiro. Eu quero te abraçar e sentir que você também se deixou envolver. Eu quero fazer os nossos planos e ter a certeza de que você também contribuirá para que eles se concretizem. Eu quero que você me veja, não como igual às outras que te magoaram, mas como a única que te ama e te quer bem, nem que eu precise abrir mão de nós pra isso. Eu preciso que você cresça, meu bem. Pra isso, também tratei de me curar. Também cuidei para que estar sozinha fosse uma opção e não mais uma sentença de quem parece não dar certo com ninguém. Pela primeira vez, eu te olhei sem pensar em mim. Te olhei sem te imaginar do meu lado, só para mostrar às minhas amigas que posso renovar sempre o "cardápio". Eu te vi como alguém que não precisa de mim ou de qualquer outra pessoa, mas ainda não entendeu isso. Enxerguei em você todos os medos do mundo, encobertos por essa mania de querer parecer invencível, como se, por uma brecha do teu orgulho, você não deixasse escapar que não é. É por conhecer os teus calos que eu respeito todos eles e cuido, de longe, para que você supere tudo isso, mesmo sabendo que queria estar mais perto. Hoje, meu pedido não é para que você fique. Eu não peço que me aceite, mas que você entenda, de uma vez por todas, que precisa sair do poço em que você mesmo se atirou pra voltar a viver. Se for comigo, beleza. Se não for, eu saberei entender. Meu amor já não é mais cobrança. Hoje, eu só quero libertar você.

(Marílya Caroline)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Invasão


Lutei durante muito tempo para continuar fingindo que nada estava acontecendo, mas você estava ali e eu me vi perdidamente apaixonada por você. Hoje, consigo admitir isso numa boa. De início, soou como aquela sacudida que a gente leva quando está distraída e, de repente, esbarra num obstáculo traiçoeiro. Você desconsertou meu jeito de levar a vida e continua fazendo isso, sem que tenhamos, de fato, algum vínculo que nos permita arriscar sem temer. Você é mesmo o cara mais improvável de todos e talvez aquele que não me chamaria atenção, em outro momento. É desse tipo de gente que chega de mansinho e vai tomando, aos poucos, o espaço que a gente sempre negou aos outros. Você, meu bem, é a primeira pessoa que me fez repensar se continuar chefiando o batalhão dos descompromissados é mesmo uma missão pra mim. O engraçado é que você, a esta altura do campeonato, ainda finge não saber que faz tudo isso, mesmo sabendo que chegou pra devastar toda a calmaria da minha zona de conforto. Talvez eu goste tanto de você por não saber o que esperar do amanhã. Pela primeira vez, alguém não me oferece uma rotina chata e não me deixa na obrigação de dar um status pro nosso sentimento. Você é a pessoa que me prendeu sem mostrar que queria mesmo fazer isso e eu até acho que fiz isso por conta própria. Eu tenho que te dizer mil coisas e ouvir outras tantas, mas as palavras ficaram tão pequenas e vagas que eu chego a pensar que nem precisamos delas. Tudo está bem como está, mesmo que a certeza que eu tinha dos meus dias não se aplique mais a nós dois ou a qualquer coisa que nós possamos entender como tal. Te ter, nos meus dias, é saber que você está comigo porque quer, mesmo que não seja do jeito que eu sempre estive acostumada a fazer parte da vida de alguém e permitir que ela invada a minha. Acho que é mesmo isso de invasão. Quando a gente desencanta do mundo e desiste das intermináveis buscas, alguém chega pra invadir a gente. Não sei se você escancarou a porta ou se me conheceu num momento em que, estrategicamente, eu tinha deixado alguma brecha. O que eu sei é que, desde então, eu não acho que precise de outro alguém adentrando na minha vida, muito menos no meu coração. Cê sabe que o espaço é seu.

(Marílya Caroline)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Feliz e sozinha


Sempre fui do tipo de mulher que achava que precisava de alguém pra ser feliz. Na verdade, deixei de acreditar nisso há pouco tempo. Hoje, se você me perguntar se estou bem assim, responderei que estou. A surpresa é que a resposta vem de dentro e não mais para satisfazer um desejo de parecer indiferente e desapegada. Pessoas que precisam passar essa imagem são carentes e até conseguem enganar meia dúzia de desconhecidos, mas nunca a si mesmo. Deixei de mentir pra mim e aceitei que a vida é muito mais do que andar de mãos dadas. Ser feliz transcende uma mudança de status ou um passeio no shopping, no dia de domingo. Talvez, ser feliz seja mesmo saber que você não precisa de alguém, mas que as pessoas que estão contigo permanecem, mesmo sabendo disso. Ser feliz sozinha é ser feliz pra si e não porque o outro precisa que você sorria o tempo todo, pra se sentir responsável pelo teu bem estar. Ser feliz sozinho é ter a liberdade de fazer escolhas só suas e não entender tudo isso como egoísmo. Com o tempo, você aprende que nem todos os planos só funcionam se forem feitos em par e que boa parte das mulheres bem-sucedidas e felizes, desse Mundo, já sofreram por alguém e prosseguiram. Ser feliz sem precisar de um alguém pra te completar é saber que você é inteiro e que ninguém, senão você, tem a responsabilidade de te proporcionar algo, muito menos felicidade. As experiências dessa vida servem para que você entenda que a tua companhia, por vezes, é mais aconchegante do que dormir de conchinha. Às vezes, condicionamos nossa felicidade a um outro alguém de tal forma que, quando os elos se rompem, nós achamos que nossa vida também está fadada ao fracasso. Estranho é olhar pra trás e não perceber que metade do tempo que você perdeu fazendo drama poderia ser aproveitado de outra forma. Até ontem, eu tinha medo de prosseguir sozinha. Hoje, eu sei que estou apenas solteira e que isso, por si só, elimina qualquer possibilidade de solidão. Não que eu tenha pavor de vínculos ou ache que relacionamentos não são bons. Muito pelo contrário. O que eu quero dizer é que o tempo ensina que a felicidade ao lado de alguém é bom, mas descobrir que você pode (e deve) ser feliz sozinha é magnífico... E totalmente possível. 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Opostos


Existem certas coisas que não se cobram, mas que todos os homens deveriam saber. Ao menos era isso que eu esperava de você. Aquele bom dia que soa mais como um "acordei e lembrei de você" é tão importante como você lembrar de perguntar como estou e se importar com a resposta. Eu queria dormir e ter a certeza de que você também destina uns minutos do seu dia pra lembrar de mim. Queria poder não ser a tola que eu acho que sou por gostar de alguém que não segue o mesmo compasso que o meu. Queria poder não fantasiar teus gestos automáticos e fazer de conta de que foram, de alguma forma, especiais. Você é frio, individualista e definitivamente não aprendeu a dar valor a quem te valoriza. Se você não sabe, esse é um dos maiores vacilos que um cara pode dar. Eu não queria ser indiferente e fazer com você a tal da psicologia reversa, mas só queria não pensar em fazer qualquer coisa na intenção de obter uma resposta tua, sabendo que, quando um homem quer, ele arranja uma forma de demonstrar interesse. Você, diariamente, me prova que teu foco não está em nós dois, mas na construção vazia e ilusória de um "eu" que não vê quem está do lado. Ingênua e auto-destrutiva seria eu se não quisesse enxergar essas e outras coisas. Reformulando o que eu disse lá encima, existem certas coisas que uma mulher deve saber e uma dessas é cair fora, antes que o barco afunde ou, se a experiência tiver feito seu papel direitinho, que ela nem ouse embarcar na furada. Você é lindo, inteligente, descolado, mas é tão seu que em nenhum momento você me enxergou e eu não sou mulher de me expôr demais pra conseguir isso. Você é do tipo de cara que acumula tentativas inacabadas pra provar pra si mesmo que não consegue ir além com ninguém e não deve fazer isso, maquiando aquele velho medo que, se tu não sabes, é de que dê certo. Errado já deu. Não vou colocar a culpa na profundidade das minhas investidas, mas na superficialidade do teu interesse. Eu fui até onde deu pra ir e você foi até onde eu dei, literalmente. 

(Marílya Caroline)

terça-feira, 2 de julho de 2013

Espaço Externo


“Passo cada segundo do meu dia me jurando ser indiferente com você. Você fala comigo, eu cumpro a promessa. Você não entende, pergunta se eu tô chateada e o que aconteceu. Não foi nada. Só tô cansada de você, de nós, de tudo isso. Tô de partida, malas feitas, mesmo você não acreditando. Pra não me cansar mais ainda, paro no ‘Não foi nada’. E você sai, irritado e com um “tchau” que eu odeio mais que tudo. Mas já não importa, tchau pra você também. Afinal, nada pode ser mais difícil do que ficar na situação que eu tô a tanto tempo. Ser indiferente vai ser fácil. Dor é normal, se não for forte, eu já nem sinto mais. Sempre te tratei melhor que todos os outros, e o que você faz que te torna melhor que eles? Seguindo essa lógica, teria o direito de te tratar até mal. Mas não sou assim, uma pena. Acontece que agora eu não dou mais o meu melhor pra quem me dá pouco. Não corro atrás de quem não dá um passo por mim. Não faço festa quando alguém que sabe que eu tô louca de saudades e não move um dedo pra me ver, vem numa droga de chat e fala “E aí”. Te acostumei muito mal, mas agora vou desacostumar. Porque meu medo de te perder, virou meu objetivo, então nada me prende. E se ir te matando aos poucos levar um pedaço de mim, que leve. Porque a dor de você na minha vida me afeta inteira e eu não aguento mais.”

(Tati Bernardi)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Ela


Você é a última pessoa por quem eu me apaixonaria. Bonita, independente, misteriosa e extremamente escorregadia. Aos olhos de qualquer outro homem, aquele troféu perfeito pra se colocar na frente da estante. Em outra época, eu até me arriscaria. Tentei fingir que poderíamos jogar, sem sequelas e você seria só mais um conto legal, na mesa de bar com os amigos, mas a gente também se engana. Eu me curvo e admito: me enganei. Você é o tipo de mulher que não gosta de dar o nome certo, muito menos o telefone. Deve ter aprendido, por aí, que deixar rastros é fatal demais ou simplesmente não quer mesmo ser procurada. Deve ter cansado de tantas histórias com começo, mas sem meio e fim e, por essas e tantas outras, decidiu ser sozinha. Inconstante ou não, você é linda. E fingir que me contento com você, durante a noite, é pouco. Eu sou exatamente como você e acho que é isso que nos aproxima, mesmo que não tenhamos coragem de falar sobre isso. Falar superficialmente e me envolver com você, enquanto nos parece carnalmente conveniente, é deixar de lado todo um histórico que eu, por machismo, resolvi esconder e você, por ser mulher e não mais menina, decidiu que não vai me mostrar. Deslumbrado com a beleza do teu corpo e vagando no que esconde teu olhar, te desejo. Te desejo não só como prêmio da noite ou a melhor presa da noite de caçada, mas pra me ajudar a provar pra mim mesmo que, mesmo negando diante a todos, eu ainda tenho um coração. E, por ironia do destino, ele resolveu bater justamente por você, que decidiu que vai fingir que não tem mais um ou prefere que pensem que não precisa dele pra nada. Você é mulher, dessas que qualquer homem queria ter pra sempre ou pelo menos por uma noite. Eu não seria diferente, mas era pra ser apenas isso. Era pra eu não lembrar teu nome, no dia seguinte, nem te dizer que pensei em você e me preocupar se você também dispensou algum tempo pra mim. Era pra eu não cogitar a hipótese de ser, pra você, muito mais do que os outros tem sido e também era pra eu não me apaixonar justamente pela mulher que, aparentemente, não quer ser de ninguém. Você é a última pessoa por quem eu me apaixonaria, mas a primeira que me fez ter vontade de ser melhor do que eu tenho sido, talvez por você merecer um alguém assim ou pela simples constatação de que eu preciso ser melhor do que eu sou. Você não me cobra, não me faz juras e não me dá nenhuma garantia. É por saber que posso não te encontrar amanhã que te quero hoje, mesmo ciente de que você pode ser fruto do meu desejo ou capricho do meu ego. Essas duas alternativas sempre me foram mais confortáveis, mas não servem pra você. Você é a personificação de todas as minhas fraquezas e o passar a limpo de todas elas. Você rasga os meus planos e ri dos meus medos como se não tivesse nenhum. E, de fato, me faz crer que não tem. É por não ser minha que eu te quero tanto. É por ser a última pessoa por quem eu me apaixonaria que eu me apaixonei por você.

(Marílya Caroline)

[Não sei se funciona exatamente assim, mas algo me leva a crer que é por aí. Visto que muita gente reclama que eu nunca escrevo pensando como vocês, homens, eis uma tentativa]

Decifre, se for capaz!


Todas as coisas que você promete nunca mais fazer serão sempre os primeiros e melhores atos que você vai cometer. Todos os jogos que você jurar não participar serão sempre aqueles que você mais vai querer vencer. Todas as palavras que você nunca disse serão as primeiras que você vai querer pronunciar. Todas as pessoas que você mais quer ter são as que mais estarão distantes de você. Todas as armadilhas que você jurar nunca cair serão sempre as que mais prenderão você. Joga quem pode, brinca quem aguenta e vence quem, ao invés de falar, sabe que é bem melhor fazer. Entenda como quiser, adapte como é mais conveniente pra você!

(Marílya Caroline)

terça-feira, 25 de junho de 2013

É furada


Nunca fui boa com recomeços, nem com começos, nem com pontos finais. Pra falar a verdade, acho que nunca fui boa com coisa alguma que envolvesse um esforço alheio. Vibro na frequência do impulso e isso, por vezes, me colocou em grandes ciladas. O problema não são elas, mas quando o outro, também responsável pelo deslize, desiste de encarar a vida com a gente. Aí, com perdão da expressão, fode tudo. Eu acabo ficando desenganada com a continuidade, travo na hora de dar um basta e, quando o faço, com muito esforço, acabo descontando a última desilusão na próxima tentativa, que já brota carregada de responsabilidade de suprir a anterior, querendo eu ou não. Não sei porquê te convidam pra encarar uma aventura se não estão dispostos a dar continuidade. Eu morro de preguiça de sair do meu cantinho, que uns chamam de zona de conforto, e, quando finalmente dou o primeiro passo, você vem com a desculpa que não sabe mais se vai comigo. Vá pra puta que pariu com sua indecisão e eu fico com as paisagens mais bonitas, as vistas da janela e todos os carimbos no passaporte que você, por medo de altura ou mera covardia, abriu mão. Metaforicamente, usei isso da viagem pra te dizer que é muito frustante embarcar numa história quando não se sabe do destino, tampouco se a companhia será permanente. Eu tenho medo do novo, ânsia de vômito de pensar no velho e pavor de tédio, mas isso não vem escrito na minha testa. Era missão sua, aliás, deveria ter sido. É por essas e outras que eu continuo não sendo boa numa série de coisas, inclusive nas investidas. Sempre embarco no trem errado, num barquinho de papel ou até mesmo no tal do Titanic, que também como você, é furada. 

(Marílya Caroline)

Segunda chance


Começar a escrever sobre você é ter que passar a limpo tudo aquilo que, incessantemente, prometi mil vezes nunca mais pensar, mas você sabe que fui capaz de quebrar todas elas pra dar uma chance a mais pro destino e poder acreditar em nós dois. Por vezes, meus pés não aguentaram e meus joelhos se curvaram ao chão, numa tentativa de pedir, aos céus, alguma luz pra nós dois, enquanto você me fazia crer que meus medos ficaram no passado e, finalmente, havia algum bom pra nós dois. É estranho quando a gente quer mudar o rumo da vida e insiste em reciclar, do passado, um alguém pra ser o nosso presente e nos fazer crer em alguma promessa de futuro. É difícil quando, além dos meus medos, tenho que vencer o Mundo pra te dizer sim e não ter nenhuma garantia de que tudo isso vai dar certo. O que eu sei é que fiz, mais uma vez, o que não pensei fazer por ninguém mais. Mergulhei de cabeça nas tuas palavras e, novamente, encontrei a piscina vazia. Quebrar a cara dói, mas traz consigo a lição de que nem sempre a gente deve acreditar no que o coração diz, se não tiver dialogado, anteriormente, com a razão. O meu coração só sabia dizer teu nome, enquanto mil vozes me diziam pra não ter pressa, mas eu sou teimosa e isso sempre me fez pagar mais caro do que o que realmente valia. Mais uma peça do destino e eu, mais uma vez, sem você. Parece mesmo que todos os ventos sopram no sentido contrário, só eu demorei a perceber. E, como diz a velha música, "quem irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?". Certamente, quem soube que nós dois, vai afirmar que não. Só me resta agora ter força, pra não cair em contradição. Pra todos os erros cometidos, enganar a si mesmo é o único que não tem perdão.

(Marílya Caroline)

A última carta


Mas não é por nada, meu bem. Cê sabe que eu não guardo coisas antigas, nem dinheiro, nem rancor. Parece aquele velho clichê de rede social, mas é só a realidade. A minha realidade. Tô partindo, sem deixar o endereço pra não correr o risco de você acordar, amanhã ou atrasado, como sempre, e achar que deve ir atrás de mim. Eu não parti pra você me procurar. Te dei meses pra você fazer isso, enquanto estávamos tão perto e você não o fez. Preguiça, comodismo ou convicção de que eu era sua demais. Pecou, meu bem. Pecou por saber que, por mais na tua que eu estivesse, eu não tinha chegado ao cem por cento. Uma chancezinha e zás: eu pulei fora. O barco tava afundando e não é que eu não queira me esforçar pra sobreviver contigo, mas é aquela época do tudo ou nada: tudo comigo e nada com você. Fiz a escolha certa ou, ao menos, acho que tô tomando o rumo que deveria ter seguido há um bom tempo. Você vai sentir falta, talvez, quando não tiver ninguém online ou você precisar lembrar como eu sou boa em te fazer sorrir, mas nada além disso. Sei também que vai descontar na academia ou na bebida a falta que eu faço. Querendo você ou não, meses se passaram e algum apego, que não seja à tua aparência, você deve ter por mim. Sinto muito que teus amigos só lembrem de você no fds e pra te chamar pra mesa de bar. Você tá em fase de construção e tudo que menos precisa é de pessoas que só te convidem a ser mais um. Foi por apostar no contrário que vivi tudo isso com você, mas é uma pena que não haja ninguém pra continuar. Apesar dos pesares, espero que você pense em mim e esqueça meu celular. A gente não vai perder o vínculo, mas você sabe que eu vou precisar de um tempo pra me recuperar. Essa não é uma carta de despedida, tampouco uma desistência confessa. Eu quis deixar algo escrito para que você visse o último fio se romper e você fingir, pra si mesmo, que não dava pra fazer mais nada. Não tô com raiva, mas talvez um pouquinho de decepção ainda reste. Não que eu tenha te feito assinar nenhum contrato, mas alguma cláusula subentendida de nós dois dizia pra não me machucar, mas você não me exitou... Me trocou. E antes que eu caia na tentação de querer saber mais sobre isso ou achar que ainda dá pra ser "eu e você", fiz as malas e fui embora. Não se preocupe. Há bastante calmaria e firmeza nos meus passos. Teus músculos (uma pena que seja só nos braços) não precisam mais me amparar em qualquer coisa que seja. Tua menina, sempre tão presente e, pra você, invisível, ainda te quer um bem danado, mas quero bem de longe, onde eu não possa mais correr o risco de repetir o caminho de volta e me entregar à tentação de te pedir pra voltar, quando você nem sabe que a gente começou.

(Marílya Caroline)