quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Prece


Amanhã eu posso até entender, mas hoje não. Não me peça pra ser a mulher do peito de aço que eu tenho sido, pois até sei fingir pra todo mundo, mas pra mim eu sou péssima. Especialmente hoje, eu resolvi assumir isso e dizer que preciso de colo e de alguém que me abrace de graça. Preciso ouvir um "eu te amo" e deitar no colo de Deus, pra ouvir dEle que tudo vai ficar bem, mesmo que minha agonia seja tamanha e eu não saiba pra onde correr. Hoje é um daqueles dias em que o beco parece não ter saída. Mil soluções não se encaixam no meu problema e a costas se curvam com o peso da cruz. Nunca gostei de admitir que desisti, mas não tem sido fácil. Não é em todos os dias que o sorriso que a gente tem guardado cai bem com o dia chuvoso, em que a gente quer mais é ser sentimento e explodir, sem pensar em nada. Queria não ter que entender tudo e repousar um pouquinho, nos braços do Pai. Eu sou falha, pecadora e tão menina pra ser essa mulher que o mundo exige, o tempo todo. Tu sabes que não sou, né Pai?! Tu sabes o quão apertado tem estado o meu peito e que as súplicas são mesmo um pedido de socorro, de quem não acredita em quase nada e tem tentado não fazer que os outros percebam. Tô recorrendo, como sempre faço em todas as vezes. Tô pedindo abrigo, quando o Mundo me dá as costas e parece ser contra os meus planos. Tô Te pedindo um lugar perto de Ti ou em qualquer lugar onde eu não tenha que ser forte, mas possa ser eu mesma. Possa ser de dentro pra fora o que eu tenho aprisionado, todo esse tempo. Queria dormir e não lembrar que problemas existem, só por ter a certeza de que Tu estás comigo. Eu não estou só!

(Marílya Caroline)

terça-feira, 30 de outubro de 2012


Valeu pelas mais de 8.000 visualizações do Bloguito em pouco mais de um ano. O espaço, que começou como uma espécie de diário virtual, está crescendo e ganhando cada vez mais leitoras lindas, que demonstram seu carinho e sempre comentam comigo sobre os textos e tudo isso com pouquíssima divulgação. Fico feliz de poder me expressar e retratar um pouco de vocês em cada linha. Continuem divulgando, meninas. O espaço é nosso! Obrigadaaa!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Deixe seu curriculum!


Olhar do lado e não ver alguém é lembrar em dobro como a solidão lateja e faz pulsar o sangue adormecido, da ferida que abriram em nós. Dias chuvosos e domingos são ainda piores. Por mais descolada e segura que eu seja, esse alguém faz falta. Nem todo coração blindado é assim 100%. É um segredo meu, mas eu vou confessar que isso é só um desafio que eu impus a mim e aos outros. Quem for mais corajoso, leva! E me leva junto, mas precisa passar por uma série de testes. Eu queria que meu celular tocasse ou anunciasse uma mensagem tua. Eu queria que você me fizesse acreditar que abraços são bons e a gente ainda pode acreditar em alguém, não cem por cento, pois é pedir demais, mas o suficiente para me tirar do comodismo de não querer ninguém. É mais medo do que cuidado. Coração que já foi despedaçado tem medo de ser jogado ao chão novamente e foge de cola barata. Não foi fácil. Nem todo homem vê mais do que o decote e a saia curta mostram e por isso que nem todos me merecem. Dispenso, não dou bola e até aceito o rótulo de indiferente. Não dá pra se doar de graça. Não é Natal ou muito menos liquidação afetiva, mas dava pra fazer um esforço. Dava pra você, que eu ainda não sei quem é, me fazer acreditar um pouquinho nas coisas. Eu confesso que nem eu mesma acho que isso é possível, mas tenta. Hei de pontuar você não pelos acertos, mas por todas as tentativas. Uns tentaram me fazer de trouxa. Você pode me fazer mulher.

(Marílya Caroline)

domingo, 28 de outubro de 2012

Recado da Blogueira

Queridíssimos(as),


Venho justificar a minha ausência. Para quem ainda não sabe, eu sou estudante de Psicologia e as coisas, na faculdade, estão cada vez mais corridas. Peço que não deixem de acompanhar o blog e que continuem colocando a autoria dos textos, ao postarem no facebook e em qualquer outra rede social, pra divulgar o blog e fazer com que mais pessoas se identifiquem com o espaço que é nosso!

Beijos,
Marílya Caroline

Sinal de alerta: carência


A verdade é que toda mulher sente falta de um alguém do lado, mas isso não significa precisar dele. Ninguém é dependente de ninguém e esse é o ingrediente mágico pra receita do amor dar certo. Somos livres, temos consciência disso e nos escolhemos, mas não precisamos roubar o espaço um do outro. O meu começa onde o seu termina e, numa soma perfeita, somos dois e não um só, como insistem em reduzir por aí. Essa é a lei da minha vida e o critério número um pra alguém fazer parte dela. Especialmente hoje, estou sentindo falta de candidatos à vaga que deixei aberta. Rola aquele velho clichê de que "vaga tem, mas falta alguém qualificado para ocupá-la". A noite está fria e estou sentindo falta de alguém para jogar conversa fora, dar boas risadas e me fazer cafuné. Não que eu seja essas românticas idealizadoras, mas eu sou mulher, ora! Mulher tem disso mesmo, mas não pode usar como justificativa para acolher qualquer canalha. Cuidado com as ofertas, quando se está à procura. A sede faz com que a gente beba qualquer tipo de líquido, tal como a fome nos faz engolir até mentiras. A pior de todas elas é a fome sentimental. Essa que me acomete esta noite. Não vou sair. Não vou caçar você como quem procura carne fresca. O risco de uma indigestão é grande. Vou colocar a minha carência numa caixa, no alto de uma estante, e esquecê-la até me sentir segura para conhecer alguém legal, mas procurar não rola. Não rola se contentar com qualquer coisa, só pra ter alguém pros dias de inverno ou para os momentos de deprê. Lembra da regra número um? Tratei de colocá-la à frente dos meus instintos e dessa perigosa carência. O tão falado amor não é só é uma escolha. É ter quem acolha!

(Marílya Caroline)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Manual de instruções


Guarda aquele velho EU TE AMO numa gaveta empoeirada, junto com todas as mentiras e precipitações que você costuma usar por aí. Mulheres como eu não se conquistam com frases feitas e clichês que já não colam desde o tempo da minha avó. Desculpa a dose de sinceridade, mas eu preciso ditar as regras, antes que você aceita entrar no jogo. Mesmo diante delas, não desista tão fácil. Não me condene à triste constatação de que todos os homens são iguais. É um pedido, uma súplica ou o que você quiser chamar, mas não abandone o barco antes da tempestade. Não me faça perder o ânimo e o interesse pelo que você diz. Anota aí: fazer mais, falar menos. Tenho todo esse texto decorado e sei do teu repertório de cor e salteado. Antes de você me dizer alguma coisa, eu já havia previsto e preparado uma resposta. Melhor você calado e ativo, diminuindo as chances de esbarrar na minha larga experiência ou cair no poço da generalização. Não há condenação pior do que essa. Eu não sou uma montanha tão difícil de escalar, mas não precisa abandonar a coragem lá embaixo. Você vai precisar de fôlego, mas de uma boa dose de ousadia. Homens comuns tem esquecido o que é isso e, por consequência, eu também. Quando você entrou na minha vida, eu te duas chances: uma pra ser diferente e outra pra fazer diferente. Entendeu a missão? Um homem pode aceitar todos os rótulos, menos o de incapaz. Eu não queria ter que pensar isso de você, então não desista. Vire meu Mundo e me faça perder o chão, mas não ouse me tirar do lugar se não tiver uma boa carta na manga. Não gosto de quem começa a jogar com medo da derrota. Comigo, é tudo ou nada. Oito ou oitenta. Meio termo não me completa. Meio homem também não!

(Marílya Caroline)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Recado da Blogueira

Não sei se é falta de criatividade, admiração exacerbada ou simplesmente desrespeito, mas está ficando até chato ter que pedir que, ao copiar algum trecho, frase ou citação minha, vocês coloquem entre aspas, no mínimo. É o mesmo que ver uma roupa sua copiada ou algum trabalho, ao qual você dedicou tempo e empenho, serem banalizados. Existe uma relação íntima com o que eu escrevo e muito sobre mim está expresso nessas linhas que vocês, por preguiça ou negligência, copiam e reproduzem de qualquer jeito. Há quem não entenda, tudo bem. Quando não nos cabe o entendimento, nos resta o respeito. Ganhar algum tipo de vantagem ou reconhecimento às custas dos outros é, no mínimo, desrespeitoso. Acreditem, mas isso acontece e eu me sinto profundamente chateada. Podem ter certeza que eu reconheço cada uma das palavras que escrevo e adoro a relação de identificação que eu tenho com vocês, mas colaborem! Aos que já entenderam o recado, meu muito obrigada!


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Engano


Não me conformo. E repito, mil vezes, o mesmo ritual de olhar as tuas fotos e tentar entender como você foi capaz de me deixar por ela. Eu sei que é esquecer um pouco quem eu sou ao me questionar sobre isso, mas aceito a minha fraqueza em troca de alguma resposta que justifique o teu ato irracional de trocar o certo pela incerteza. Seria um gesto de imaturidade ou só uma prova de que Deus me reserva algo melhor do que teus braços frios e teu peito oco? Perdemos, é verdade. Eu perdi meu tempo e você uma ótima oportunidade de não ter refugos ao teu lado. Não entendo o prazer de um homem possuir uma mulher que já foi troféu na estante de muitos, mas cada um enfeita a sua como quer. Você sabia que pesaria mais do que a tua estrutura aguenta, não é? Melhor mesmo completá-la com algo mais leve. Te entendo. Eu nunca tive vocação para ornar a vida de ninguém e você precisa mais de uma dama de companhia do que de uma mulher. Não é todo marmanjo boa pinta que aguenta a pressão de ter um ser pensante ao seu lado. Difícil ter que lidar com isso, né?! Confesso que muitas coisas me vieram à mente, quando o celular não tocou e as notícias não vieram. Eu pensei que o homem que eu conheci pudesse ter se perdido, mas tudo bem. Antes você ter ficado no caminho do que eu ter desviado o meu em vão. Seguimos os nossos destinos. Você, de fazer coleção de lataria e eu de procurar tesouro em não tem nada a oferecer. A única vantagem disso tudo é eu não perder mais tempo catando algo valioso em você.

(M.C.)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Espaço Externo


"Ele não ligava, nem mandava mensagem durante semanas. Mas tinha uma mania sacana de aparecer quando ele já tava quase desaparecendo da minha cabeça. Era carência, tava na cara – e faltava vergonha na minha, porque eu sempre acabava cedendo. Não me dava valor e ainda ficava indignada por ele não dar também. Eu aceitava ser a última opção e ainda tinha a cara de pau de espernear e choramingar por ai usando a maldita frasezinha clichê de que nenhum homem presta. Claro que ele não ia prestar, pra que prestar com alguém que transpirava falta de amor próprio? Ninguém ama quem não se ama, ninguém respeita quem não se respeita – doloroso, mas verdadeiro. E quando você não tá na onda de ser amada, ta tranquilo - um supre a carência com o outro e fim de papo. Mas eu tava afim de sentimento, tava super na onda de mãozinha dada e ligação de madrugada só pra ouvir um ''tava pensando em você''. E claro que ele não ligava, a gente quase sempre só pensa antes de dormir em quem causa aquele nervosinho de incerteza dentro do nosso peito – e eu tava sempre ali, um poço de certezas, não tinha porque ele pensar. Muito menos ligar. E foi ai que eu mudei. Parei de aceitar o último pedaço do bolo, se o primeiro pedaço não fosse pra mim, eu simplesmente ia embora da festa – não me servia mais. E olha só que mágico, ele nunca me chamou pra tantas festas e nunca vi alguém me oferecer tantos pedaços de bolo – a mágica só não foi tão boa porque eu simplesmente não queria mais. Não queria mais mágica, não queria mais bolo, não queria mais ele. Quando a gente passa a se valorizar a gente consegue enxergar nitidamente quanto os outros valem – e ele valia tão pouco, desencantei. Peguei meu coração e coloquei ele lá no topo de uma árvorezinha danada de alta, e vou te falar, nunca vi tanta gente disposta a escalar – homem adora um desafio. Pois bem, que vença o melhor!"

(Autoria desconhecida)

Esse é um daqueles textos que não foi escrito por mim, mas bem que poderia ter sido...

sábado, 13 de outubro de 2012

Recado da Blogueira

Meninas, 

Fiz uma pequena alteração no facebook e mudei meu nome pra "Caroline Nascimento". Peço que continuem respeitando a autoria, como vem fazendo ultimamente. Desde já, peço desculpas pela minha ausência. Prometo recompensar tudo isso em breve!



Poderia ter sido você o homem que iria me acordar todas as manhãs com um simples bom dia, que me daria a certeza de que o dia seria perfeito. Poderia ter sido você em tantas outras coisas. Tantos sonhos perderam os nossos beijos, abraços e finais felizes por você ter abandonado o barco e os nossos planos. Eu precisei me esvaziar de você como nunca fiz com outro alguém. Ninguém me disse adeus e me fez pensar, repensar e pensar de novo em como foram bons os nossos momentos, mesmo que isso não tenha significado muito para você. Me pergunto se fui tola ou se você não tava pronto. De quem foi a culpa dos nossos espaços não terem se preenchido ou de eu ter transbordado os que você deixou? Pequei por excesso e você por falta. Restaram as incertezas, se teria sido bom ou não, como nos nossos planos, que sempre foram mais meus do que seus. Você não tinha esse direito de invadir a minha vida, se sabia que não iria ficar por muito tempo. Não tinha...

(Marílya Caroline)

Saia dessa, princesa!


Os homens que encontramos não nos decepcionaram em nada. O que está errado, nesse contexto todo em que colocamos os nossos sentimentos, é a forma como queremos que as pessoas se adequem aos nossos anseios. Mulheres, em especial, crescem ouvindo contos de fadas, onde o príncipe encantado é uma personificação da perfeição. Algumas crescem, mas continuam a procurá-los na realidade. Eles não existem! Os homens de verdade não vão ter um mundo voltado só para você, mas será ótimo se vocês souberem se adequar um ao outro. Isso mesmo: adequar-se. Da mesma maneira que você vem carregada de expectativas, ele também vem. Homens e mulheres não são perfeitos. Você não deve viver à espera de um alguém que se encaixe perfeitamente no seu modelo de homem ou mulher ideal. Quebrar a cara também é uma opção sua. Pode ser que ele não te ligue o tempo todo ou viva pra dizer que te ama, mas faça isso silenciosamente, ao aguentar as suas manias ou fazer parte da tua rotina agitada. Os contos de fada contemporâneos são protagonizados por pessoas reais e isso é sinônimo de imperfeição, defeitos e inadequações. Não idealize uma pessoa perfeita, para não frustrar-se com as opções que existem no "mercado". Pode ser que ele não seja tão bonito, cortês e perfeito como nos seus sonhos, mas vai ser muito especial se ele souber fazer a sua realidade mais bonita e menos utópica. Se você continuar à procura de príncipes, a probabilidade de continuar presa aos contos da Disney é grande. Se ele não vier, paciência. As princesas dos dias de hoje não precisam mais dos príncipes para existir.

(Marílya Caroline)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Amor fora da validade


Bem que eu poderia dizer mil coisas. Até acho que teria sido melhor, sabe?! Pena que ficaram engasgadas, junto a muitas verdades não ditas e mentiras ensaiadas. Acabou a vontade de te dizer o que eu não disse, seja por medo ou comodismo. Falei demais e você poderia ter se agarrado ao dito e não dito, principalmente. Meu amor é feito de silêncio e você bem que poderia ter se encaixado nos espaços. A minha vida tá uma bagunça, mas eu me preocupei em deixar todas as pistas. Você quem não quis seguir. Você quem errou a rota e desviou para onde eu te perdi. Meus pés cansados não suportariam seguir teus passos e nem sei se você me esperaria, em algum lugar. Não deu, né?! Pouco importam as minhas palavras e confissões culposas. Parece mais alemão, hebraico ou coisa do tipo: você não entende... nunca entenderia. É uma pena. Eu até achei que a nossa química funcionasse mais do que funcionou, mas as coisas só ficam claras quando a gente permite que fiquem. Foi tão banal que ficou esquecido. Nem mesmo a nossa música me arrepia, quem dirá você, que eu nem sei por onde anda?! Lembro dos dias em que fizemos planos e de você beijando a minha testa. Nem sei se era respeito ou o início do nosso fim. Nos perdemos entre promessas, passado e medos. Você sem saber pra onde ir e eu querendo te arrastar por onde eu fosse. Ingenuidade minha achar que você me acompanharia por muito tempo. Espero que você esteja bem, de verdade. Não do jeito que eu te faria, mas razoavelmente bem. Sei também que você não deve ter mudado muito. Eu quem mudei, sabe?! Deixei de impôr tua presença e passei a notar a minha. Quando as coisas ficam muito sombrias e nenhum abraço substitui o teu, eu me permito ter uma saudade boa. Mas saudade não quer dizer querer de volta. Estamos bem onde estamos. Você no meu passado bonito e eu no meu presente merecido. 

(Marílya Caroline)

Meu nome é desapego!


Guardei todos os meus medos num caixinha e resolvi colocar no alto da estante, longe do alcance das minhas mãos. Tratei de esquecê-los, por alguns momentos. Pra quê? Inventei de achar que nada mais me atingia e vi que não. Meu poder não era de invencibilidade, mas de resistência. Estava sendo difícil fingir não sentir e eu então resolvi de brincar de não me aproximar. Mais fácil e mais barato pro coração, só não pensei que a brincadeira se tornaria realidade e eu não perceberia. Ou tiraram o gosto da boca deles ou não sabem mais me fazer perceber. E a coisa tá preta, meu amigo. Tem gente se leiloando de graça e eu no auge da preguiça de me relacionar. Tem sentido? Não sei. Assim como desconheço todas essas coisas que motivam pessoas a mudar o relacionamento o tempo todo. Eu tô com preguiça até de mudar de roupa, quanto mais de status! Perdi o tesão pelo previsível e, consequentemente, pela maioria dos homens disponíveis. Corpinho bonito e sorriso branco não me levam à loucura. Ando suspirando só diante do cansaço e é uma pena que ele tenha vindo também das palavras repetidas e gestos ensaiados que estou cansada de presenciar. Deus poderia, ao invés de chuva, mandar criatividade. De propósito, desejaria que todos eles estivessem sem teto, só pra receber uma boa tempestade na cabeça. E eu ando com inveja até das aranhas, que são capazes de subir pela parede. Tá faltando homem pra fazer isso. Tá faltando quem seja bonito de boca aberta. Calado, alguns até são. Tô ficando com medo de me tornar tão minha que seja incapaz de me doar a qualquer um desses, nem que seja pra rir ou pra constatar que eu sempre volto pro desapego. Me desprendi tanto que acabei me prendendo. A única diferença é que não é mais no carinha bonito da faculdade ou pelo saradão na academia. Meu apego tem sido por não me apegar.

(Marílya Caroline)

Carta de adeus


Bom dia, meu amor. Não quis te acordar, pois acho lindo o jeito como você dorme e parece não temer as maldades Mundo. Fiz as malas e fui embora. Eu não aguentaria te ver chorar, me dizendo adeus. Mas deu saudade, sabe?! Daqueles dias em que a gente não tinha nada e você me fez entender que ainda poderíamos lutar por tudo. Durante muito tempo, você foi a certeza boa que havia em mim. Eu é quem não te mereço e não saberia viver ao teu lado. Teu amor é grande e o meu ainda é pequeno mas, ainda assim, eu resolvi te deixar e te poupei de me ver partir. Você choraria e eu me sentiria ainda pior do que estou. Guarda as nossas lembranças bonitas, mas não se prenda à elas. Nos dias em que meu abraço te faltar, se cubra com os nossos sorrisos. Eles foram sinceros. Eu sempre gostei de te ver sorrir, mesmo não merecendo nenhum deles. Eu vou estar por aí, vagando. Pode ser que você me encontre e eu até vou entender se você não quiser falar comigo, mas eu sei que você é forte. Eu é quem vou baixar a cabeça e talvez um dia entender melhor a burrada que estou fazendo, mas preciso fazê-la. Estou correndo o risco de que você não me entenda e transforme os nossos momentos em mágoa, mas melhor do que fazer o teu futuro de incerteza. Não derrame lágrimas lembrando dos meus olhos verdes ou do meu beijo no rosto. Eles te encantaram, mas não da forma como você me encantou. E eu sou grande no tamanho e pequeno na coragem. Deixei isso por escrito pois é vergonhoso assumir que não soube te dizer adeus, mas espero que você me perdoe. Por você e por mim, seja feliz. E não perca tempo sentindo saudades minhas. Se eu estou indo embora, entra tantas outras coisas, é porque Deus sabe que eu não te mereço. Converse com Ele e se conforme. Não disque meu número ou me siga, nas redes sociais. Não ligue se eu puser outra em seu lugar ou alguma pessoa na minha vida. Pro espaço que eu tenho, você transborda. E eu sei que outro cara vai ser pra você mais do que eu já fui e é por ele que você vai se reerguer mas, antes que isso aconteça, faça isso por você. Tá doendo, né?! Mas vai passar. Eu sei a mulher forte que estou deixando pra trás e você não pode esquecer que ela existe. Não deixe que a carência tome o assento da segurança que eu tanto admirei em você, naquela noite. Eu não sei muito sobre você, mas sei o bastante sobre mim pra querer ir embora. Me perdoe, mas eu tive que partir.

(Marílya Caroline)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sem olhar pra trás


Esperei por você o tempo necessário até eu entender que estava desistindo de mim. Deixei que você levasse o meu brilho, minhas perspectivas e até aquela vontade de me envolver de novo. Aos poucos, eu estava ficando amargurada. Nem mesmo as minhas amigas suportavam ouvir teu nome e  a história que eu não cansava de repetir. Certo dia, acordei tão certa de mim que esqueci de você. Você e seus fantasmas não pairam mais sobre os meus dias ou qualquer esboço que eu possa fazer de futuro. Cansei de remoer os mesmos pontos e preencher os mesmos vazios com explicações que você não me deu. Já não invejo os casais que, diariamente, alteram o status do facebook. Eu alterei o status da minha alma e ela grita felicidade por não ser cativa de mais ninguém, tampouco de você, que não me merece. Você me deixou escapar porque não me conhece e eu te deixei ir embora por saber até onde você poderia ir.

(Marílya Caroline)

Abafos e desabafos de uma mulher


Ficar remoendo histórias inacabadas ou remendando o que nunca prestou nem quando inteiro não vai te fazer mais mulher, mas com certeza vai machucar a menina que até ontem acreditava em qualquer mentira que soasse bonita. "Eu te amo" virou frase de papagaio e qualquer rostinho bonito virou dono do nosso coração. Até ontem, disse bem. Hoje, eu acordei mais leve. Soltei os cabelos e as amarras que me impediam de trilhar algum caminho a sós. Fazia tempo que eu não escrevia nada a não ser desamor, angústia, desespero. Cadê os resultados? Me tornei amarga, triste, cinzenta. Falar de amor nunca será vivê-lo e aprender que, mesmo passadas mil tentativas, ainda vou poder errar na 1.001 virou lição de casa. Dia após dia, repasso só pra não correr o risco de esquecer. Sabe porquê? Infelizmente, me fizeram de carne e osso e o que jorra de mim ainda é sangue, por mais que eu não me permita perfurar por nenhuma barba por fazer ou qualquer pegada de jeito. Eles lá e eu cá, onde o que é passageiro não balança o que é eterno e o que soa verdadeiro não ocupa o lugar do que é, de verdade. Homem tem que ser homem em outros setores a não ser na cama e diante dos amigos, sabia? Aposto que você vai responder que sim, mas vai perceber que não. Esses que te fizeram vestir a fantasia de palhaça por inúmeras vezes não podem ser chamados assim ou pesar sobre os que você ainda vai conhecer, mas esteja segura e certa de quem é até lá. Se você se deixou sofrer ou cair por algum desses citados foi por não saber quem eles eram mas, acima de tudo, por desconhecer o que você merece.

(Marílya Caroline)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A quem você quer enganar?


Se eu gritasse para o Mundo todo ouvir, você entenderia? Você pararia um pouco pra me ouvir? A diferença é que até os gritos mais estridentes ficaram mudos e já não há muita coisa a dizer. Cansei de todas as palavras repetidas e gestos ensaiados, talvez pelo simples fato de eu odiar rotina e viver tão cativa dela. Quem roubou as surpresas bonitas, que disseram que nos esperariam pelo caminho? Já não sei se o que me espera conforta ou justifica o que não tem vindo. Sobrou experiência e faltou vontade de aplicá-las, seja com quem for. Se quem se aproximasse de mim soubesse, por alguns instantes, me distanciar do tédio, talvez eu fosse mais participativa. A sutil diferença é que o Mundo me fez passiva e eu sempre tive medo disso tudo. Sempre temi não esperar nada das pessoas e pouco da vida, como se a esquina desconhecida não fosse mais um beco de surpresas e apenas um lugar sem luz, vazio e úmido. É mais ou menos dessa textura que está o meu coração. Uns chamam de desespero, outros de desesperança e, por um golpe fatal da vida, venho chamando de realidade. É triste não ver as cores vibrarem ou um novo dia anunciar coisas que nos tiram o riso, mas é fato. É fato que muita coisa se perdeu, inclusive a minha ingenuidade. Quando a gente retira a viseira e enxerga as coisas como são, nem todo conto de fadas faz sentido. A gente passa a se interrogar se alguém ainda vai romper as barreiras do nosso comodismo ou se a nossa zona de conforto já incorporou isso de não sentir nada e esperar pouco. Não vem mais e eu já cansei de me arrumar em vão ou sair pela noite, na esperança de que alguém me resgate do fundo do poço que outro alguém me atirou. A quem estou enganando? Em todas as pessoas que deposito alguma expectativa, roubo a minha capacidade de fazer por mim mesma. Ninguém largou seus projetos para viver os meus e até ontem eu acreditava que poderiam fazer isso por mim. Horas de produção, a roupa mais bonita e a maquiagem mais trabalhada para esconder um peito que continuava só, quando as luzes se apagavam. Não é um conto de fim de noite, mas aquilo que poucos falam sobre os bastidores da vida de alguém exausta. Estou cansada das futilidades da vida e das esperas que não findam. Estou saturada de falar de amor e engolir o meu, para não ter que morrer engasgada com alguma decepção. Não me doo mais, como antes. Até o que me dava prazer virou mesmice. E eu me pergunto até onde vou chegar. E eu me questiono se ainda há solução ou se é uma sentença. Os versos, que antes falavam de amor, não passam da segunda linha. Andei desaconselhando até os meus amigos de investir em algo que se pareça com amor. Não me tornei amargurada. A diferença entre a menina de ontem e a mulher de hoje é a linha tênue entre esperança e realidade. Parei de fantasiar coisas bonitas e passei a aceitar o acinzentado das pessoas que parecem ter perdido a vontade de romper as barreiras da solidão. Superfícies não me preenchem e, se é para viver de metades, melhor que eu seja inteira e sozinha. Não compreendo esse ritmo alheio de se encaixar de qualquer forma. É desse jeito que justifico a ausência da conchinha ou a conversa de pé de ouvido: cansei do que pode ser óbvio, por isso não procuro mais. Não saio mendigando afeto, de forma silenciosa. Quem sai de casa procurando um outro corpo vazio volta mais solitária do que saiu. Por essas e outras, me fechei para mim e por mim. Se continuasse nessa busca incessante, eu enlouqueceria. Alguém ainda tem que ser racional. Não me sobrou muita coisa, além disso. Vamos pensar, pois amar tá difícil.

(Marílya Caroline)

Como não poderia ser diferente, é nosso, "Hello"!