terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Um novo dia em um mesmo chão...



Sou filha de um país cego, surdo e mudo. Infelizmente, nasci em uma terra que, apesar da evolução do tempo e da espécie, ainda convive com o preconceito, com a fome e com a miséria intelectual. Sou filha de um país que só valoriza o que vem de fora, como se não fôssemos capazes de exportar algo além de samba, futebol e bundas. Meu país é mais que isso! Eu espero pelo dia em que não ligarei a TV para presenciar vítimas da intolerância, da criminalidade e do desrespeito às diferenças. Torço para ver o meu Brasil valorizar o que vale a pena e incentivar seus filhos a serem algo mais do que meros alienados. Que sejamos feitos de sonhos, de caráter e de dignidade. Que saibamos honrar o nosso chão e a nossa gente. Que haja espaço para negros, brancos, nordestinos, pobres, ricos e todo e qualquer tipo de gente. Que possamos ser felizes sem incomodar os outros. Que a felicidade possa ser algo além do "ser" e do "ter". Eu sonho com o dia em que não teremos que conviver com o luxo contrastando com as barrigas que gritam de fome, enquanto nossas bocas ainda não sabem falar. O Mundo não precisa de mais uma potência Mundial, de um país de Carnaval reluzente ou do melhor futebol do planeta. Os filhos deste chão precisam ter consciência de que do jeito que está, o Brasil não vai pra frente. Está na hora da gente aprender a enxergar algo além do que permitem que enxerguemos. Meus olhos almejam prosperidade. Não dá mais para cruzar os braços, diante de tanta coisa errada que está nos mantendo escravos, mesmo em tempos de liberdade. O problema não está no fato de "Luiza" estar no Canadá, o participante do BBB ter sido eliminado ou qualquer futilidade do tipo. O problema está em sabermos discutir tais coisas e fecharmos os olhos para tantas outras que merecem nossa atenção. Enquanto nos cegamos diante do descartável, teus filhos ainda gritam de fome, milhares de gays são mortos, muitos negros sofrem por discriminação e milhares de mulheres são vítimas de agressão. Será que nós estamos dando a mesma importância a isso? Como eu disse e repito: "Brasil, mostra a tua cara!" Não dá mais pra gente ficar ofertando a nossa! Para a mudança surtir efeito do lado de fora, ela tem que começar por dentro.

(Marílya Caroline)

Nenhum comentário:

Postar um comentário