quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Outro dia


Toalha molhada, dois pratos na mesa e uma bagunça no coração. Nem parece que você se foi  e eu continuo cumprindo o mesmo ritual, só pra prolongar tua presença mais um pouquinho e fingir pra mim mesma que nada mudou. Você vai acordar com aquela cara amassada e teu bom dia sonolento vai fazer com que eu sorria o resto do dia e isso vai se prolongar até a noite, quando, cansados, deitaremos juntos pra assistir um programinha qualquer. Éramos invencíveis e você parecia saber disso. Bastava surgir algum probleminha bobo pra nos darmos as mãos. O que poderia ser maior que isso? Fomos parceiros, cúmplices e amantes até o último momento. Nem sei porquê teve que acontecer isso, se nós éramos indiferentes a tudo que pudesse destruir nosso pacto. Não foi casamento ou uma dessas juras clichês que a gente faz no altar. Nada contra, mas eu prefiro não prometer nada e me preocupar menos com o que isso repercute, no dia-a-dia. O nosso juramento foi selado no primeiro beijo e confirmado todos os dias, quando você me olhava e eu entendia, silenciosamente, que estávamos juntos, pra o que der e vier. Você foi meu amigo até naqueles momentos em que eu achei que iria pedir divórcio até de mim, sem cobrar nenhum bem. Nossos corpos tinham aquela química tão falada, sabe?! Era o encaixe perfeito, principalmente nos dias de frio e tédio. Eu gostava do jeito que  a gente se entendia, sem dizer nada. Andar de mãos dadas contigo parecia extinguir toda a vulnerabilidade que sempre tomou conta da minha pequenez. Você sempre foi grande o suficiente para me pôr no colo e me tomar pelo braço, me conduzindo para os melhores lugares que eu já frequentei. Eu sei que foi amar. Desses que dizem que a gente só tem uma vez na vida, sabe?! E que também dizem que nunca acaba. Até acredito. O nosso só adormeceu e eu acho, sinceramente, que ele tava muito exausto desse nosso corre-corre. Foi preciso dar um tempo. Um espaço pra que a gente reestabeleça o que ficou perdido de nós dois, nessa coisa de sermos um só. Foi o nosso único erro e a única falha que não se preenche com presentes, flores e vinhos. A gente se encontra, amor. Numa dessas esquinas em que a gente se conheceu, quem sabe?! Pra tomar um café, pra contarmos o que tem preenchido a nossa rotina ou simplesmente para constatarmos que o tempo nos fez mais maduros do que éramos quando nos conhecemos. E eu vou olhar pra você com aquele orgulho de sempre, ao saber que o meu menino já é um homem. E aí sim, vou te deixar cuidar de mim. Durante todo esse tempo, foi o que eu fiz por você...

(Marilya Caroline)


Nenhum comentário:

Postar um comentário