sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Idealizações: sofrimento projetado


Na verdade, dificilmente nos apaixonamos de verdade. Eis o segredo de tantos amores fracassados e paixões erradas. O que nos cativa e cega é a idealização que nós fazemos do outro. Querendo que ele seja exatamente a projeção dos nossos desejos, nos curvamos à equivocada ideia de que dependemos dessa pessoa para ser feliz. Nos condicionamos à fantasias. Achamos que precisamos estar ao lado do objeto idealizado para nos sentirmos plenos e, à medida que isso se aprofunda, caímos no posso da dependência. "Eu preciso de você para ser feliz" e "você é o amor da minha vida" soam como uma obrigação que não compete ao outro, mas a nós mesmos. Nós somos os causadores de nossa felicidade e os agentes ativos da nossa realização, em todos os aspectos. Projetar e cobrar do outro a personificação de nossas idealizações é abrir espaço para o sofrimento, que bate à nossa porta à medida em que nos deparamos com a constatação, mais do que óbvia, que esse alguém nem sempre  corresponde ao que eu penso e desejo que ele seja. O outro, por vezes, acaba por carregar o fardo de ser quem nós gostaríamos que ele fosse, mas não o faz por muito tempo. O enfrentamento da realidade nos permite enxergar que nem sempre nos apaixonamos pelo outro, mas pelo que nós imaginamos que ele pudesse ser e fazer, em nossas vidas. A culpa de não ter dado certo pode não ter sido por uma falha ou defeito alheio, mas por você ter condicionado sua felicidade à uma farsa, em que você mesmo se fez enganar. Amor idealizado, coração enganado.

(Marílya Caroline)

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