terça-feira, 15 de maio de 2012

ESPAÇO EXTERNO


"Boa parte das minhas amigas anda comprometida. Se não sério, quase. As poucas "soldadas" do bando continuam lutando, claro, mas com um propósito definido: trocar logo de função nessa vida de quem busca, para quem tem alguém. São solteiras sim e, não raro, sozinhas também. Reclamam. Apresentamos os amigos do namorado, um primo distante, algum colega que achem interessante. E nada. São defeitos, atitudes desprezíveis, desencaixe entre duas partes. Concordo, porém, com a máxima que ditam e continua em alta: estar sozinha consigo é muito melhor que acompanhada de quem, pra nós, tenha nome e sobrenome, mas não represente de fato aquele "alguém". Enquanto a vida amorosa anda agitada ou mesmo em movimento, se vazia na opção "pessoa que nos faça bem e complete", não tem trégua: achamos que somos infelizes, que se um raio atingisse a cabeça talvez alguma atitude fosse tomada (por cuidado ou mesmo precaução; pena), que se estivéssemos passando fome, necessidade financeira ou por qualquer outra pedra no caminho, melhor seria. O amor vence tudo, já nos diziam os emotivos filmes Disney da infância, onde todos eram felizes num final que durava para sempre. Aguardamos que chegue a nossa hora de ter o sapatinho encaixado com precisão no pé direito, por um cavalheiro-charmoso-mente aberta príncipe, que não aparece nunca porque simplesmente somos gente e conto de fadas é melhor que fique na parte bonita da nossa versátil imaginação. Bem, na verdade, chega sempre e pode ser uma, duas, trezentas vezes (depende da auto-estima de cada um) em que romanceamos em cima de qualquer cara que apareça, só para não nos sentirmos assim tão solitárias."

(Camila Paier)

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