quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ficção 2: O encontro


O encontrei, por acaso, em um desses corredores da vida. Acho mesmo que a vida quis que a gente esbarrasse, naquele exato momento. Você com aquela tua pressa pelo ontem e eu com a minha vontade de aproveitar o agora. Que distância, não é?! Fazia algum tempo que eu não te via. Não sei se algo mudou em você, mas você não é mais o mesmo. O ar da cidade grande deve ter pesado sobre os teus olhos de liberdade. Quis parar, conversar e te chamar para um café. Quis te contar do meu curso, dos meus dias e até dos meus planos malucos de comprar uma casa da praia, para veranear com os nossos filhos. Lembra? Pouca coisa mudou, por aqui. Continuo a mesma menina-mulher sonhadora e você me parece não estar tão distante do homem bem sucedido e com pouco tempo para sonhar. Eu quis dar-te mais que um oi, mas você tinha pressa. Aquela pressa de sempre. A única coisa que coincidiu foi o lugar. O lugar que a gente sempre gostou de curtir, para falar de planos. Os planos que se foram conosco, para um passado bem distante. Senti saudade, meu bem. Saudade a gente não tem como endereçar de volta, né?! Até você, que sabe o meu endereço, não quis voltar. Como falar dos meus tropeços? Como te dizer que ainda queria sentir teu cheiro ao acordar, se nem ao menos tenho dormido? Me falta o pedaço de mim que se foi com você. Falta dizer que eu sinto falta até dos teus defeitos e da toalha molhada, encima da cama. Faltou dizer que eu ainda te amo, mesmo que o tempo tenha passado. Mesmo que, para você, eu também tenha ido embora, junto a tudo que se perdeu com o nosso fim. Mas, devo confessar, você continua lindo. Hoje, foi bom te encontrar...

(M.C.)

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