domingo, 8 de julho de 2012

Estações afetivas


Eu tinha amor pelo prazer de possuir e não por qualquer coisa que tenha sido meu, de forma fácil. De certa forma, entendo os homens e crianças. Que graça tem manusear o brinquedo que a gente já tem? Bom mesmo é ir atrás do alheio ou até mesmo do que está na prateleira. Quanto mais esforço e dificuldade, mais valor tal brinquedo vai ter. Quando estiver em mãos, perde a graça. O ser humano é assim e eu não poderia ser diferente. Até quis e meus ex's são testemunhas, ironias e sarcasmos à parte (ou não), mas não deu certo. Hoje, me tornei escrava do consumismo afetivo. O tédio costuma fazer triângulo amoroso comigo se o meu relacionamento durar mais que um mês. Aí vem o desejo de traição, com um alguém chamado "novidade". Preciso reciclar tudo, desde roupas à pessoas. Sim, descobri que elas também saem de moda. Não dá para vestir tricô no verão, assim como não dá pra namorar ou manter alguém interessado a vida toda. Geralmente, esse alguém sou eu. Se não há esforços do lado oposto, também não há do lado de cá. Malhação, só na academia. No meu coração, ninguém mais vai fazer flexão. Talvez sejam essas as mudanças que apontam em mim. Talvez eu esteja sempre me adequando, descartando e enjoando, exatamente como fizeram tanto comigo. Tomei a forma da vida e me sinto muito mais magra com o desapego. Relacionamentos e permanências desnecessárias também fazem mal à nossa beleza. Eis aí uma grande descoberta, meninas. Talvez essa leveza nas palavras, na vida e no coração sejam fruto da bagagem reduzida. Não me dou mais ao trabalho de carregar a mala alheia, no sentido literal. Quem vier, que venha despido. Sim, só precisarei de você uma estação. Pra quê tanta roupa? Pra quê tanta expectativa? Na próxima estação, do ano e também do coração, vai rolar aquela velha reciclagem que falei acima, sabe?! Aí eu me preparo, mais uma vez, pro próximo verão. 

(M.C.)

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