quinta-feira, 12 de julho de 2012

O romance virou comédia


Eu quis aposentar meu celular, só para não viver cativa do esforço maior que eu que era não te ligar. Entre todas as minhas tentativas, você foi a mais frustrada. Fiz mil planos para nós dois e até um esboço de futuro em que poderíamos ser felizes, longes das nossas bobagens e mais maduros do que dois adolescentes. Eu segui e você ficou, submerso em um passado que não me permite te resgatar, por maior que tenha sido o meu esforço em nadar até o fundo do poço para te tirar das minhas lembranças e te trazer de volta à minha rotina. Você não quis. Aliás, você nunca quis. Enquanto eu era a menina tola que queria agradar, você era o babaca que testava suas mentiras às custas do meu amor. Fui ingênua e servi de palhaça para você por um bom tempo, até que você decidiu desaparecer da minha vida. Você não foi homem nem ao menos na hora de ir embora. Sem olhar para trás, arrancou-se da minha vida e apagou a nossa história como se tivesse sido responsável por uma só linha escrita. Você nunca construiu nada e, mesmo assim, ousou destruir o que eu havia arquitetado. Aos olhos do Mundo, você parece ter saído na vantagem. Errado! Quem ganhou foi eu. Eu ganhei o direito de reconstruir a minha vida sem a tua interferência e você perdeu, não só uma grande mulher, mas a oportunidade de parar na vida de alguém e de aprender a ficar. Na verdade, o que caminha contigo é o medo de amar e ser amado. Com vergonha de vestir a carapuça de covarde, você exibe a fantasia de palhaço. Eu conheci a tua cara limpa. Para mim, você apresentou o espetáculo sem máscaras. Ao invés de encenar o meu drama, eu pude rir e aplaudir a comédia que você ainda insiste em chamar de vida. É rindo que eu vou estar na platéia quando você, de cara lavada e sozinho, fechar as cortinas do seu espetáculo. Talvez eu seja a única a esperar, no teu teatro vazio, para presenciar a tua derrota. Sim, com a juventude indo embora  e maturidade cobrando postura, você vai se ver sozinho. A platéia mundana terá ido embora. Não te sobrarão mulheres ou dinheiro quando a fama, a   banalidade que tu vives e o frescor tiverem ido embora. Eu poderia gargalhar da tua falência ou chorar contigo pelo teu drama, mas aprendi, entre tantas coisas, que você não merece nada além da minha compaixão. É com este olhar de piedade que eu vou ver as cortinas se fecharem, as luzes apagarem e você cansar de repetir o mesmo papo para todas. Todos terão conhecimento do que fizestes, pois quem planta, é obrigado a colher. Sinto pelas tuas sementes não terem gerado bons frutos e por você ter perdido a oportunidade que te dei. Eu poderia te falar de amor e dos nossos planos, mas você preferiu que minha boca servisse apenas para dizer que você me ensinou, entre tantas coisas, que amadores não sabem lidar com veteranos. Você era inexperiente em amar e eu sempre mereci alguém que fosse capaz de fazer que eu me sentisse amada. Era grande a minha espera e pouca a tua bagagem. E o erro não foi meu. Esse poderia ter sido um belo roteiro de romance, mas você só tinha vocação para palhaço. Juntei as nossas lembranças e fiz comédia às tuas custas. Você saiu da minha vida sorrindo e me deixou chorando. Eu sempre te disse que o Mundo da voltas. Hoje, quem ri de você sou eu.


(M.C.)

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